Ausência de políticas públicas conduzem Amazônia para segunda onda de Covid-19, diz estudo
11 de agosto de 2020

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – Uma artigo publicado por pesquisadores brasileiros na última sexta-feira-feira, 7, na revista científica Nature Medicine, apontou que as ausência de eficácia das políticas públicas adotadas pelos governos em nível municipal, estadual e federal condenam a Amazônia a uma segunda onda de Covid-19.
O estudo projetado por oito pesquisadores, mostra erros cometidos pelos governos, enfatizando a sensibilidade da região amazônica ao novo Coronavírus devido ao grande número de indígenas no local.
Indígenas
O artigo também chama a atenção para o genocídio de indígenas, o que pode levar à extinção de suas culturas, porque as tradições são transmitidas oralmente pelos mais velhos. Além disso, chama faz um alerta que para evitar a segunda onda da pandemia, medidas efetivas precisam ser implementadas imediatamente.
Assinam o artigo os professores Wilhelm Alexander Cardoso Steinmetz e Jeremias Leão, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucas Ferrante e Philip Martin Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Além de Alexandre Celestino Leite Almeida, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Ruth Camargo Vassão, do Instituto Butantan, Luiz Henrique Duczmal e Unaí Tupinambás, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os pesquisadores colocam Manaus como base para fundamentar o artigo, devido a capital amazonense ter quase todas as unidades de terapia intensiva (UTIs) do Estado.
“Isso significa que o colapso do sistema de saúde em Manaus representa um colapso do sistema de saúde de todo o Estado do Amazonas, que é o maior do Brasil em termos de área e ocupa aproximadamente um terço da região Amazônica do país”, diz trecho do estudo.
Tomada de decisões
No estudo, a tomada de decisões dos entes legislativos e federativos também é criticada, como a reabertura de templos e igrejas em 6 de maio e o desrespeito às restrições de distanciamento social.
Leia também: Sol, praia e pandemia: banhistas de Manaus ignoram máscaras e distanciamento mínimo
Segundo os pesquisadores, as informações científicas foram ignoradas pelos governantes, baseando-se em opiniões não publicadas e não revisadas pelos pares, “sugerindo o fim do isolamento social e colocando assim milhares de vidas em risco”.
“A falha em tomar medidas para evitar um novo aumento de casos e no número de mortes é de responsabilidade dos governos federal, estaduais e municipais. O rápido aumento do número de casos no interior do estado (inclusive em comunidades indígenas) pressionará as UTIs em Manaus”, alertam os pesquisadores.
Veja o artigo na íntegra: Brazil’s policies condemn Amazonia to a second wave of COVID-19