Autoridades ambientais destacam mudança de postura no pronunciamento de Bolsonaro


22 de abril de 2021
Autoridades ambientais destacam mudança de postura no pronunciamento de Bolsonaro
Bolsonaro prometeu adotar medidas para reduzir emissões de gases do efeito estufa, além de prometer dobrar o investimento em fiscalização (Reprodução/Internet)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Na Cúpula de Líderes sobre o Clima, que ocorreu nesta quinta-feira, 22, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, prometeu adotar medidas para reduzir emissões de gases do efeito estufa, além de prometer dobrar o investimento em fiscalização, mesmo com o orçamento atual sendo o menor dos últimos 21 anos. Autoridades ambientais destacaram a mudança de postura durante o pronunciamento do presidente.

Para a coordenadora de Clima e Justiça da Organização Não Governamental (ONG) Greenpeace, Fabiana Alves, O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não deveria fechar qualquer acordo com Bolsonaro, no presente ou futuro, enquanto o presidente brasileiro não demonstrar real interesse em conter a crise do clima e limitar a temperatura global em até 1.5º C. O Governo Bolsonaro reafirma acabar com desmatamento ilegal em 2030 e anuncia zerar emissões de carbono em 2050, porém não possui política pública para a contenção do desmatamento.

“É impossível proteger a floresta dando fundos a alguém responsável por níveis recordes de desmatamento na Amazônia e violações dos direitos humanos. Em sua fala, ressalta o mercado de carbono como solução, dando às empresas de combustíveis fósseis um caminho para ‘compensar’ sua poluição com florestas, em vez de fato, reduzi-la. Além disso, valoriza as contribuições nacionais brasileiras ao Acordo de Paris, que neste momento estão sendo questionadas na Justiça por serem menos ambiciosas que as anteriores. A melhor forma de proteger a Amazônia é defendendo os direitos dos Povos Indígenas e das comunidades tradicionais, que são sistematicamente excluídos das políticas do governo atual”, ressaltou a coordenadora.

Já para o ex-ministro do Meio Ambiente, entre 2008 e 2010, para Carlos Minc, tudo que o presidente disse vai contra o que ele fez e faz nos últimos dois anos. “Metas são interessantes, mas vão contra tudo que Bolsonaro fez e falou nos últimos dois anos. Há distância entre intenção e gesto. É curiosa a fala do presidente, porque passou os últimos dois anos desmontando Ibama, dizendo que não há desmatamento nem queimadas, não homologou um hectare de terra indígena”, disse o ex-ministro ao canal CNN.

O coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais, Raoni Rajão, ressaltou que o País poderia dispor de R$ 2,9 bilhões que estão paralisados no Fundo Amazônia, desde início de 2019. “Importante o Bolsonaro ter indicado mais recurso para ações de fiscalização. Mas hoje o Fundo Amazônia ainda tem dezenas de milhões de recursos que estão prontos para uso, inclusive para a Força Nacional”, disse Rajão ao portal G1.

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, aproveitou para destacar que o presidente passou mais da metade do tempo pedindo dinheiro à comunidade internacional do que apresentar algo relevante. “Ele passou a metade do vídeo pedindo dinheiro […]. É também importante dizer que esse pedido de dinheiro tão insistentemente feito para outros países não faz nenhum sentido”, diz Astrini ao portal G1.

Orçamento ao Meio Ambiente

O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) deste ano, enviado pelo governo federal, será analisado ainda neste ano pelo Congresso. O orçamento prevê R$ 1,7 bilhão para todas as despesas da pastas, incluindo as obrigatórias. Desde 2000, o valor autorizado nunca foi menor do que R$ 2,9 bilhões, segundo o Índice de Preços Considerado Oficial pelo governo federal (IPCA).

Dados do Observatório do Clima apresentados em janeiro de 2021 apontam que a redução do orçamento é preocupante. De acordo com o ambientalista Carlos Durigan, a redução pode ser drástica para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (IcmBio).

Promessas

Entre as promessas ditas pelo presidente Jair Bolsonaro, ele disse que o Brasil vai se comprometer com a redução das emissões de gases, buscar “neutralidade climática” até 2050, “fortalecer” os órgãos ambientais, com a duplicação para a área da fiscalização, além de zerar até 2030 o desmatamento ilegal.

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.