Banco Central reduz juros em 0,5% e taxa cai para 11,75% ao ano; redução é de 2% em 2023

Edifício-sede do Banco Central em Brasília (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Da Revista Cenarium Amazônia*

BRASÍLIA (DF) – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) reduziu, em decisão unânime, nesta quarta-feira, 13, no último encontro de 2023, a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 12,25% para 11,75% ao ano.

Quanto aos próximos passos, voltou a sinalizar cortes da mesma intensidade nas “próximas reuniões”, ou seja, pelo menos dois encontros à frente – em janeiro e março de 2024. Disse também que os membros avaliam, de forma unânime, que esse é o ritmo apropriado para o processo desinflacionário.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial [convergindo, parcialmente, em direção às metas] e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, disse o comitê no comunicado.

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Sede do Banco Central, em Brasília (Gabriela Biló/14.abr.2023/Folhapress)


O novo corte levou a Selic ao menor patamar desde março de 2022, quando a taxa básica estava fixada em 10,75% ao ano.

Essa foi a quarta redução seguida na mesma intensidade, dando sequência à estratégia adotada pelo colegiado do BC desde o início da flexibilização de juros em agosto.

Antes, a Selic ficou 12 meses estacionada em 13,75% ao ano, depois do ciclo de aperto mais agressivo desde a criação do sistema de metas para inflação em 1999.

A decisão do Copom veio em linha com a expectativa unânime dos economistas. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que o corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica era a projeção consensual do mercado financeiro.

Desde o Copom anterior, em novembro, houve redução dos riscos externos, o que colaborou para um câmbio ligeiramente mais favorável, continuidade do processo de desinflação e materialização da desaceleração da atividade econômica — o que deu respaldo a um ciclo de corte de juros gradual.

No acumulado, em 12 meses, até novembro, a inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou a 4,68%.

No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano caiu de 4,7% para 4,6% — dentro do teto da meta (4,75%). Para 2024, a estimativa caiu de 3,6% para 3,5%. Para 2025, se manteve em 3,2%.

Já o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil perdeu força no terceiro trimestre deste ano, mas ainda apresentou leve variação positiva, de 0,1% em relação aos três meses anteriores.

O BC segue sob pressão do governo para reduzir os juros. Enquanto o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse, na véspera do Copom, que o País tem “gordura para queimar”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que é preciso “mexer com o coração” do presidente do BC, Roberto Campos Neto.

“‘Reduz um pouco o juros, que as pessoas estão querendo tomar dinheiro emprestado’. Os governadores podem ajudar”, disse o chefe do Executivo em evento sobre investimentos de bancos públicos nos Estados.

Quanto ao fiscal, o Copom repetiu a mensagem sobre a importância de perseguir os objetivos estabelecidos. “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, reforçou.

Com os efeitos defasados da política monetária sobre a economia, o BC mira, hoje, os objetivos fixados para 2024 e 2025, quando terá início o modelo de alvo contínuo após mudança no sistema de metas de inflação.

No próximo ano, a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

O encontro desta quarta também marca a despedida dos diretores Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) e Mauricio Moura (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta) da cúpula do BC, cujos mandatos terminam em 31 de dezembro.

O Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne oito vezes por ano, a cada 45 dias, para calibrar a taxa básica de juros, a Selic. Reuniões extraordinárias podem ser convocadas pelo presidente da instituição.
Sala do Comitê de Política Monetária (Copom) (Pedro Ladeira/Folhapress)

O Copom volta a se reunir nos dias 30 e 31 de janeiro de 2024 sob nova formação. Se juntarão ao colegiado do BC o professor Paulo Picchetti e o servidor Rodrigo Alves Teixeira, indicados pelo Governo Lula e aprovados em sabatina pelo Senado Federal.

A partir do próximo ano, a autoridade monetária contará com quatro diretores escolhidos por Lula entre os nove integrantes do Copom. Os outros dois nomes são Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino (Fiscalização).

Leia mais: Lula volta a criticar juros altos e mira em presidente do Banco Central
(*) Com informações da Folhapress
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