Barroso diz lamentar episódio em que revida ofensa: ‘eu lamento, mas não me arrependo’

O ministro Luís Roberto Barroso durante seminário no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (Eduardo Anizelli/29.abr.22/Folhapress)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – Em entrevista à GloboNews, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que lamenta ter reagido com a frase “perdeu mané, não amola”, após três dias de hostilidades por parte de bolsonaristas em Nova York.

Ele diz lamentar, mas que não se arrepende. A reação, no dia 15, é atribuída pelo ministro a um momento de perda de paciência com as “hordas de pessoas seguindo e xingando dos piores nomes possíveis”.

Barroso estava em Nova York para um encontro do Lide, o grupo empresarial fundado pelo ex-governador paulista João Doria. Ele entrava no Harvard Club com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, quando teve a reação.

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“O problema é que nas raras vezes em que eu perco a paciência, sai em rede nacional”, disse o ministro na entrevista desta terça-feira, 29.

Barroso afirmou que é “meio zen”, espiritualizado e costuma meditar, mas no dia do “perdeu, mané” estava, particularmente, exasperado por causa de ameaças e grosserias recebidas pela filha no celular.

“Falei a linguagem das pessoas que estavam lá”, disse Barroso ao jornalista Roberto D’Avila. “Eu lamento, para falar a verdade, que tenha acontecido. Mas não me arrependo não”.

Manifestantes protestam contra ministros do Supremo em Nova York (Igor Gielow/14.nov.2022/Folhapress)

A falta de civilidade dos últimos anos, no Brasil, também foi tema da entrevista. Para o ministro, falta capacidade de tratar o outro com respeito e tolerância em relação às divergências.

Ele criticou também a criação de narrativas falsas, ao invés de as pessoas “colocarem as ideias na mesa”, e citou a existência de uma compulsão por desqualificar o outro.

“Mentir precisa voltar a ser errado. Existe uma fagulha divina, na verdade, na sinceridade, na integridade. E, algumas pessoas, que falam muito em Deus, precisam relembrar isso”, afirmou.

Na conversa, Barroso criticou os atos antidemocráticos realizados por manifestantes que não aceitam o resultado da vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República.

Ele chamou de atraso civilizatório os pedidos de golpe. “E nós já superamos os ciclos do atraso, e eu espero que uma luz espiritual possa iluminar essas pessoas e fazer com que elas voltem à realidade e cessem as agressões, as violências e os pedidos de golpe. Não é assim que funciona a democracia”.

Barroso diz não acreditar na adesão dos militares às teses golpistas e avalia que não vieram “notícias ruins” dos quartéis após a redemocratização do País.

(*) Com informações da Folhapress
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