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BID ignora pedido do PT e reafirma data de eleição para novo presidente da instituição
Guido Mantega e Gleisi Hoffmann pediram adiamento da eleição para enfraquecer indicado do Governo Bolsonaro (Raul Arboleda/Getty Images)
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12 de novembro de 2022
Da Revista Cenarium*
BRASÍLIA – O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) divulgou uma nota neste sábado, 12, sobre o processo de seleção do novo presidente da instituição, em que reafirma que a data do pleito será em 20 de novembro.
No comunicado, divulgado pouco depois de vir a público um pedido feito por integrantes do governo de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que a eleição fosse adiada, num movimento para enfraquecer a candidatura de Ilan Goldfajn, o banco manteve o nome do ex-presidente do Banco Central do Brasil na lista dos cinco candidatos.
O BID também ressaltou que Goldfajn e os demais postulantes serão entrevistados pelos governadores da instituição — que são altos funcionários econômicos dos países membros — em reunião virtual a ser realizada neste domingo, 13.
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“A eleição está marcada para ocorrer em uma reunião híbrida da Assembleia de Governadores, no dia 20 de novembro de 2022”, destacou o BID.
“Os países membros propuseram cinco candidatos para o cargo de presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento. O período de nomeação foi encerrado na sexta-feira, 11 de novembro de 2022”, destaca ainda outro trecho da nota.
Além de Goldfajn, são candidatos a chefiar o banco responsável por financiar projetos de desenvolvimento na América Latina Cecilia Todesca Bocco (indicada da Argentina); Gerard Johnson (Trindade e Tobago); Gerardo Esquivel Hernández (México); e Nicolás Eyzaguirre Guzmán (Chile).
O PT pediu a outros países que as eleições para a escolha do novo presidente do BID sejam postergadas, dizendo discordar da forma como o Governo Jair Bolsonaro (PL) indicou Ilan Goldfajn.
O ex-presidente do BC foi indicado pelo Governo Bolsonaro às vésperas do 2° turno, gerando insatisfação no PT. O pleito do partido foi enviado aos Estados Unidos pelo ex-ministro da Fazenda e atual integrante da equipe de transição Guido Mantega, e reforçado publicamente por Gleisi Hoffmann, presidente do partido.
À Folha, Mantega afirmou que não há nada contra o nome de Goldfajn, mas que o candidato não foi combinado com outros países. “O Bolsonaro lançou uma candidatura quando estava próximo ao 2° turno, podendo perder, e perdeu. E quis impor um nome sem buscar apoio de outros países”, disse.
Segundo ele, o BID já vivia uma crise causada pelo recém-demitido presidente da instituição, Mauricio Claver-Carone — indicado pelo Governo Trump, com apoio do Governo Bolsonaro e que, segundo o ex-ministro, não atendia às necessidades de países da América Latina.
De acordo com ele, ministros e ex-ministros latino-americanos entraram em contato dizendo estar desconfortáveis com a questão do BID. “Se você não tivesse outros candidatos, seria sinal que ele poderia ser favorito. Mas é remota a possibilidade de ele ser aprovado, então, a gente quis prorrogar”.
O ex-ministro diz que enviou um e-mail à secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, pedindo que o pleito fosse adiado. “Seria conveniente postergar essa eleição, e isso é possível, para daqui a uns 45, 60 dias, quando o presidente Lula já tiver assumido. Aí se faria uma negociação com os países, os principais países latino-americanos, de modo a se encontrar um candidato de consenso”, afirmou.
De acordo com pessoas com conhecimento sobre o funcionamento do banco, o adiamento é bastante improvável. A postergação abriria brecha para que outros países membros, no futuro, solicitassem postergações por conta de suas dinâmicas eleitorais internas.
Segundo essas pessoas consultadas pela Folha, o pedido feito por Mantega tem como consequência o enfraquecimento da candidatura do brasileiro. Outros países que lançaram candidatos — como Argentina e México — poderão argumentar que o ex-presidente do BC não tem apoio no futuro governo do Brasil.
Goldfajn é, atualmente, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional). Ele foi presidente do Banco Central brasileiro, entre 2016 e 2019, durante o governo de Michel Temer, e diretor de Política Econômica do órgão entre 2000 e 2003.
Se aprovado, Goldfajn será o primeiro brasileiro no comando da instituição.
O Brasil teve outra oportunidade de indicar alguém à presidência, em 2020, mas desistiu após o então presidente dos EUA, Donald Trump, pedir, diretamente a Bolsonaro, que apoiasse Carone. Na época, foram cotados Marcos Troyjo (hoje, no Novo Banco do Desenvolvimento) e o banqueiro Rodrigo Xavier.
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