Brasil tem uma das maiores desigualdades educacionais entre alunos, aponta OCDE


16 de setembro de 2021
Brasil tem uma das maiores desigualdades educacionais entre alunos, aponta OCDE
Escola particular em Campinas, São Paulo (Leandro Ferreira/Fotoarena/Agência O Globo)
Com informações do Infoglobo

RIO — O Brasil é um dos países com maior lacuna de desempenho educacional entre alunos com diferentes situações socioeconômicas, aponta relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta quinta-feira, 16.

De acordo com o documento, entre os estudantes de 15 anos com baixo índice econômico, social e cultural, a proporção dos que atingiram ao menos o nível dois em leitura no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), considerado básico, foi 55% menor do que entre aqueles com alto índice — enquanto na média dos países analisados, a proporção foi 29% menor para esses alunos em comparação aos com índices socioeconômicos elevados.

As informações são apresentadas no relatório Education at a Glance 2021, que inclui dados educacionais de países membros e parceiros da organização.

O documento aponta, ainda, a desigualdade de gênero: embora as mulheres tenham mais probabilidade de ter concluído o ensino superior do que os homens no país, elas têm menos chances de estar empregadas. No Brasil, 77% das mulheres entre 25 e 34 anos com ensino superior estavam empregadas em 2018, em comparação com 85% dos homens.

A diferença também foi observada na média dos países da OCDE: as taxas de emprego são de 80% para as mulheres jovens com ensino superior e 87% para os homens.

Entre as pessoas com níveis mais baixos de escolaridade, no entanto, a disparidade de gênero no emprego é maior. Apenas 35% das mulheres de 25 a 34 anos com escolaridade abaixo do ensino médio estavam empregadas em 2018 no Brasil, em comparação com 69% dos homens.

Essa diferença é mais alta do que a média nos países analisados, na qual 43% das mulheres e 69% dos homens comescolaridade abaixo do ensino médio estão empregados.

Impactos da pandemia

Em 30 dos países pesquisados, incluindo o Brasil, foram tomadas medidas adicionais para apoiar a educação de crianças que podem enfrentar barreiras adicionais à aprendizagem durante a pandemia. Iniciativas para incentivar os alunos em situação de vulnerabilidade a voltar à escola após o fechamento também foram implementadas no País e em outros 28.

Um exemplo citado no relatório é um programa de distribuição de refeições, implementado no Estado de Goiás, para mitigar o abandono escolar, oferecendo entrega de alimentos condicionada à frequência às aulas e ao cumprimento das tarefas.

A organização também destaca que a pandemia levantou preocupações sobre as perspectivas de emprego de jovens adultos, especialmente em níveis mais baixos de educação. No Brasil, a taxa de desemprego entre os jovens de 25 a 34 anos com escolaridade abaixo do ensino médio foi de 17,8% em 2020, 3 pontos percentuais maior que no ano anterior.

O aumento foi maior do que na média da OCDE, na qual a taxa de desemprego juvenil era de 15,1% em 2020, um aumento de 2 pontos percentuais em relação a 2019.

Investimentos em educação

Embora o Brasil invista uma parcela relativamente alta de seu produto interno bruto em educação, os gastos por aluno permanecem abaixo da média, aponta o relatório. Em 2018, os gastos públicos no país em instituições de ensino fundamental ao superior atingiram 5% do PIB, 0,9 pontos percentuais acima da média da OCDE.

No mesmo ano, o Brasil investiu US$ 3.256 por estudante de tempo integral em instituições de ensino de nível primário ao superior, em comparação com US$ 10.000, em média, nos países da organização. No entanto, o nível de gastos no Brasil é semelhante aos observados em outros países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia e México.

De acordo com o estudo, cerca de dois terços dos países membros e parceiros da OCDE relataram aumentos no financiamento alocado para escolas para ajudá-las a lidar com a crise em 2020. No entanto, em comparação com o ano anterior, o Brasil não relatou nenhuma mudança no orçamento de educação para o ensino fundamental em 2020 e 2021.

O relatório aponta, ainda, que o tamanho das turmas diminuiu nos últimos anos no Brasil, mas os salários dos professores continuam abaixo da média.

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.