Ciclista assediada cria marca de roupas que reforça empoderamento feminino


30 de setembro de 2021
Ciclista assediada cria marca de roupas que reforça empoderamento feminino
Fernanda Dias Coelho foi vítima de assédio. Foto: Divulgação

Com informações do Infoglobo

Na última terça-feira, o vídeo de uma mulher sendo derrubada a bordo de uma bicicleta por um carro em Palmas, no Paraná, viralizou nas redes sociais. O acidente foi causado em uma tentativa de assédio. Nas imagens, o veículo se aproxima de Andressa Lustosa e, na sequência, o homem no banco do carona passa a mão em seu corpo fazendo-a cair. Após a repercussão, o acusado foi preso por importunação sexual e lesão corporal.

A história chamou a atenção de muitas mulheres e, em especial, da ciclista Fernanda Coelho, de 36 anos. Após ter vivido situação semelhante a de Andressa em um de seus treinos, ela resolveu criar uma marca de roupas esportivas, em 2019, que contribui com o resgate e a ressocialização de mulheres em situação de vulnerabilidade social, a Deixa Ela Treinar.

“O esporte é uma ferramenta de transformação social e um ótimo meio para comunicarmos diversas desigualdades. E, enquanto ainda não nos sentirmos seguras para circular em todos os espaços da sociedade, precisamos falar sobre a violência contra a mulher”, reflete.

Até pouco tempo atrás, o dress code do ciclismo era dominado por marcas masculinas, que não privilegiavam o bem-estar da mulher sobre duas rodas. Pensando em causa própria, as amigas Roberta Leivas e Cristina Kfuri criaram a Ponytail, inteiramente dedicada a mulheres. “Quando comecei a pedalar, as roupas eram todas importadas, cheias de propaganda e unisex. Usávamos o mesmo design que era produzido para os homens. Raramente encontrava-se forros para o biotipo feminino”, lembra Roberta.

Hoje, além de utilizar materiais tecnológicos biodegradáveis capazes de reter suor e evitar o mau cheiro, a marca oferece modelagens que permitem a ciclista sair da pedalada direto para um café. Neste mês, a Ponytail lançará a campanha do Outubro Rosa, com doação para o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Estudante de Design Gráfico e ciclista profissional, Ana Vitória Magalhães, a Tota, de 20 anos, celebra a chegada de cada vez mais marcas nacionais e, naturalmente, mais opções para o pelotão feminino. “Gosto de estar elegante em cima da bicicleta. Por isso, opto por roupas bem minimalistas”, diz a atual campeã do L’Étape Brasil, principal prova do esporte no País.

O pedal mudou a vida da empresária carioca Tatiana Chami, de 40 anos. Há nove meses, ela passou a praticar o ciclismo, algo que um ano antes achava completamente distante de sua realidade. Graças ao novo estilo de vida, perdeu 30 quilos. Cinco vezes na semana, começa a treinar às 5h30. Na noite anterior, deixa tudo pronto: comida, equipamentos, pneus calibrados e modelito escolhido. Vaidosa, a empresária tem o armário recheado de acessórios, jerseys (blusas), calças e breteles (bermudas com suspensórios) caprichadíssimos. “A roupa influencia muito na performance. Quanto mais justa ela estiver no corpo e menos costura tiver, mais aerodinâmico fica o ciclista”, afirma.

Ela e as amigas, inclusive, encomendaram uma camisa de bolinhas com fecho personalizado para pedalar na Barra. Além do “pelotão das bolotas”, é comum ver grupos de ciclistas trajados com estampas animal print em picos famosos como a Vista Chinesa. Um verdadeiro desfile informal de looks descolados acontece todas as manhãs, basta madrugar para conferir.

Cada vez mais fortalecido, o mercado nacional do vestuário de ciclismo já está fazendo bonito inclusive lá fora. Os produtos da etiqueta carioca I AM RIO Pedal, de Andrea Meireles, já podem ser encontrados em Londres. “As peças ganham desde designs refletivos para maior visibilidade à noite até materiais de alta proteção contra raios UV”, detalha.

A ordem é pedalar, mas sem perder o estilo e o conforto, é claro.

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