Cidade sagrada de Belém tem vigília de Natal em meio a bombas sobre Gaza

Belém, na Cisjordânia, não terá festividades de Natal em 2023 (Reprodução/Tourist Israel)
Da Revista Cenarium Amazônia*

SÃO PAULO (SP) – Cristãos palestinos realizaram no sábado, 23, uma “sombria”, vigília de Natal, em Belém, cantando e rezando, com velas acesas, pela paz na Faixa de Gaza, em vez das celebrações festivas no local onde eles acreditam que Jesus nasceu.

Belém é central pelo papel de local onde Jesus nasceu, em um estábulo, porque não havia mais espaço para os seus pais na casa. Ali, ele foi colocado em uma manjedoura, o mais humilde dos possíveis berços.

Cerca de 2 mil anos depois, peregrinos, usualmente, viajam para o local onde acreditam que estava o estábulo, na Igreja da Natividade, em Belém, com a maioria dos Natais sendo alegres, com luzes em árvores na Praça da Manjedoura.

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Mas, devido à ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza, que matou mais de 20 mil pessoas, de acordo com as autoridades do enclave governado pelo Hamas, a maioria dos palestinos de Belém e da Cisjordânia ocupada está de luto.

Neste ano, eles decidiram não ter a grande árvore, peça central das celebrações de Natal, em Belém, devido à carnificina ocorrendo a 50 quilômetros dali.

Presépio em tamanho real na cidade de Belém, na Cisjordânia (Reprodução/Clodagh Kilcoyne)

No lugar do habitual presépio, as igrejas de Belém, neste ano, colocaram as representações em meio a escombros e arame farpado, em solidariedade às pessoas da Faixa de Gaza.

“Belém é uma mensagem. Não é uma cidade, é uma mensagem de paz para todo o mundo. Deste lugar sagrado, mandamos uma mensagem de paz… parem a guerra, parem o sangue, a morte e a revanche”, afirmou o padre Ibrahim Faltas, um frade presente na vigília.

Cristãos somam até 2% da população de Israel e dos territórios palestinos ocupados, de acordo com a “Protegendo as Terras Cristãs Sagradas”, uma campanha organizada pelos chefes da igreja em Jerusalém. A proporção de cristãos na Faixa de Gaza é menor.

A guerra, iniciada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro — com 1.200 mortos, a maioria civis —, manteve distante a maior parte dos turistas estrangeiros esperados para o Natal em Belém.

Quando líderes da igreja se juntaram em Belém no começo deste mês, para o início do Advento, como os cristãos chamam as semanas antes do Natal, poucas pessoas estavam nas ruas e praças, geralmente lotadas.

“O Natal vem a Belém de forma diferente. Hoje, Belém, como qualquer cidade palestina, está de luto. Estamos tristes”, afirmou o prefeito da cidade, Hanna Hanania, ao acender uma vela na Praça da Manjedoura.

Leia mais: Natal: o branqueamento de Jesus e a tentativa de apagar uma cultura
(*) Com informações da Agência Brasil
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