‘Cocaína negra’ descoberta em operação na Amazônia continha cobre e metal misturada a droga
30 de novembro de 2020
Cerca de 40 quilos de cocaína negra foram apreendidos no porão de uma embarcação (Foto: Divulgação/SSP)
Náferson Cruz – Revista Cenarium
MANAUS – Um tipo de cocaína negra, inodora e compacta, com a qual os narcotraficantes tentam evitar os controles antinarcóticos, identificado no Amazonas pela primeira vez em abril deste ano, teve o laudo pericial revelado nesta segunda-feira, 30. Com exclusividade, a REVISTA CENARIUM teve acesso ao resultado parcial das amostras que foram enviadas a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília.
“Os traficantes usam substâncias químicas que fazem com que a droga fique com a cor negra, neste caso, conforme o laudo preliminar da PF, há presença de cobre e mais dois metais que ainda não foram identificados. O cloreto foi utilizado para oxidar o metal e dar a coloração, logo depois, remove-se as substâncias convertendo o metal para cocaína”, explicou delegado Paulo Mavignier, diretor do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc).
Diretor do Denarc, Paulo Mavignier explica a origem da “coca negra” (Lourenço Filho/Revista Cenarium)
Histórico
O delegado relatou que o Amazonas, até então, não tinha esse histórico de apreensão de “coca negra”. A droga de alto teor de pureza, segundo ele, foi encontrada pela primeira vez no dia 9 de abril deste ano, foram 40 quilos em meio a um carregamento com 630 quilos de entorpecente apreendido por policiais civis e militares do Especiais (Comando de Operações COE), além de agentes da Receita Federal.
A carga estava no porão de uma embarcação pesqueira vinda de São Paulo de Olivença, na região do Alto Solimões. A apreensão ocorreu nas proximidades de Manacapuru, a 84 quilômetros de Manaus. Cinco pessoas responsáveis pela droga foram presas. Segundo Paulo Mavignier, a apreensão gerou prejuízos de cerca de R$ 14 milhões ao crime organizado.
Apreensão
“No Amazonas não tinha esse histórico de apreensão. Durante a apreensão, chegamos a pensar que o traficante tinha sido enganado, pois quando abrimos e nos deparamos com o pó negro, semelhante ao pó de guaraná sendo mais escuro. O odin (cão) sinalizou como droga, ficamos na dúvida se o cão deu sinal para a coca negra, por ter estado em contato com a pasta base de cocaína ou skunk, ou se ele deu o sinal pela droga em si. A coca negra existe como forma de camuflar a detecção dessa droga, então ela quebra o odor e camufla a aparência”, contou Mavignier.
O material apreendido (mais de 600 quilos de drogas) representou um baque de R$ 14 milhões ao crime organizado (Foto: Divulgação/SSP)
O Denarc trabalha com a hipótese de que a coca negra, possivelmente, tenha vindo de Santa Rosa, no Peru, País considerado o maior produtor de pasta base de cocaína, enquanto que os laboratórios colombianos, atuam no processamento químico (refino) da droga. Em ações desencadeadas durante quatro anos no Amazonas, o Denarc apreendeu 23 toneladas de drogas.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.