Comentários ofensivos nas festas de fim de ano: como lidar?
25 de dezembro de 2023
Reunião com pessoas de variadas etnias e orientações (Reprodução/Pexels)
João Felipe Serrão – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – As festas de fim de ano podem representar um momento hostil para pessoas com sobrepeso, pretas, LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromânticas/Agênero, Pan/Pôli, não-binárias e mais) e outros grupos que, normalmente, são alvos de comentários ofensivos nas celebrações que reúnem familiares e amigos.
Nestas ocasiões festivas sempre tem um parente inconveniente que profere falas que reforçam estereótipos e oprimem essas pessoas. Como é possível manter a saúde mental e o equilíbrio emocional diante dessas situações?
Especialistas avaliam que é fundamental estabelecer limites saudáveis. Isso pode acontecer com respostas assertivas ou no distanciamento de conversas prejudiciais. Por exemplo, ao ouvir um comentário gordofóbico, uma pessoa poderia dizer: “Prefiro focar em conversas positivas e inclusivas durante as festas. Vamos mudar de assunto?”.
A dica é da psicanalista Samiza Soares. De acordo com ela, a saúde mental é prioridade e é aceitável afastar-se de situações que comprometem o bem-estar emocional.
“É importante estar ciente de suas próprias emoções e reações. Reconhecer quando se sente incomodado é o primeiro passo para lidar com isso. Saiba quando é apropriado se afastar de uma conversa. Defina limites claros sobre o que você está disposto a tolerar e, se necessário, afaste-se de situações que não são saudáveis”, afirma Samiza.
A terapeuta e psicanalista amazonense Samiza Soares (Divulgação)
Não é ‘mimimi’
O psicólogo Fred Cavicchioli destaca que é importante entender que comentários racistas, homofóbicos, lesbofóbicos, gordofóbicos, entre outros, se tratam de uma forma de violência psicológica.
“Esse tipo de violência tende a ser negada, por ser abstrata e subjetiva. Ela tem o aspecto da violência com palavras e não é tão óbvia quanto uma violência física. As pessoas, normalmente, negam a existência dela, falam que é ‘mimimi’, mas ela existe e causa vários danos”, afirma Fred.
O psicólogo Fred Cavicchioli (Reprodução/Arquivo Pessoal)
Entre os fatores que podem levar uma pessoa a cometer esse tipo de violência, podem ser listadas questões relacionadas a ideologias e conflitos geracionais.
“As ideologias acabam trazendo um senso de valores e de comunidade. Têm pessoas que, para se sentirem pertencentes a algo, cometem essas violências como forma de manifestar sua própria identidade. Geralmente, quem faz comentários ofensivos e preconceituosos são pessoas mais velhas, porque elas são apegadas aos pensamentos de sua geração. Então, elas são muito rígidas em relação a isso e não estão abertas ao mundo novo e à evolução de pensamentos e ideias”, destaca o psicólogo.
Mais dicas
A psicanalista Samiza Soares pontua, ainda, que cada pessoa é única e diferentes estratégias funcionam para diferentes pessoas. Encontrar o que funciona melhor para você é fundamental para proteger sua saúde mental.
A terapeuta especificou mais dicas que podem ser úteis para enfrentar comentários indesejáveis nas festas de fim de ano:
Construa uma rede de apoio: compartilhe suas experiências com amigos de confiança ou membros da família. Ter uma rede de apoio pode oferecer conselhos valiosos e solidariedade. Considere fazer terapia, ela pode lhe ajudar muito nesse processo.
Desenvolva resiliência: foque em suas próprias qualidades e conquistas. Construir resiliência ajuda a enfrentar comentários prejudiciais sem deixar que eles afetem sua autoestima.
Pratique a empatia: lembre-se de que comentários ofensivos, muitas vezes, refletem a ignorância e os preconceitos dos outros. Tente entender a origem dessas palavras e não internalize opiniões negativas.
Envolva-se em atividades positivas: mantenha-se ocupado com atividades que lhe tragam alegria e satisfação. Isso pode ajudar a manter um equilíbrio emocional positivo.
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