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Conflito Israel-Hamas pode trazer repercussões diplomáticas, econômicas e sociais ao AM
Comunidades local com descendentes dos dois países envolvidos inclui empresários, comerciantes estratégicos, e políticos influentes (Reprodução)
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16 de outubro de 2023
Yana Lima – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – Apesar de não estar diretamente envolvido, e mais de 10 mil quilômetros distante do conflito recente entre o Hamas e o Estado de Israel, o Amazonas, assim como outros estados da Região Norte, pode sentir reflexos dos ataques. As tensões podem afetar o Estado do ponto de vista diplomático, econômico e social. As comunidades local com descendentes dos dois países envolvidos inclui empresários, comerciantes estratégicos, e políticos influentes.
No Amazonas, as comunidades palestinas e israelenses na região têm coexistido em relativa paz e cooperação, especialmente no âmbito do comércio. O mesmo ocorre com membros de outras comunidades do Oriente Médio, como libaneses, árabes e jordanianos.
A Sociedade Árabe Palestina do Amazonas, por exemplo, tem investimentos significativos no Estado. Ela é responsável pela geração de quase 15 mil empregos diretos, por meio de indústrias e comércio. Enquanto a comunidade israelita tem uma história de mais de 200 anos com a região amazônica.
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Os descendentes se tornaram prósperos comerciantes, industriais e/ou fazendeiros, e profissionais de renome em várias áreas. Atualmente, Manaus abriga cerca de 200 famílias judaicas, segundo pesquisa da historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, professora da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o advogado Anderson Fonseca, especialista em Comércio e Relações Internacionais, o impacto da guerra em Israel na vida dessas comunidades no Amazonas é inevitável. “Mesmo distantes geograficamente, não há como negar a forte influência que o ocorrido tem a trazer consequências a nós, afinal, ambas comunidades são bem representativas no âmbito do comércio em nossa região, o que eventualmente pode sofrer algum revés a depender da posição oficial do Brasil em relação ao conflito”, pontua.
Aumento populacional e influência diplomática
Segundo Anderson Fonseca, é provável que muitos parentes e conterrâneos de refugiados, em decorrência do conflito, busquem abrigo no Amazonas, aumentando a população local. Na análise do jurista, as comunidades palestinas e israelenses no Amazonas ainda podem contribuir para o diálogo, em busca de cessar-fogo no conflito em suas terras natais.
“No âmbito político, há representantes de ambas as comunidades no legislativo local, e o Estado conta com um senador de descendência árabe que desempenha um papel importante na aproximação do Brasil com o governo federal”, destaca Fonseca, lembrando que o Brasil assumiu, recentemente, a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), assumindo posição estratégica para contribuir com a busca de soluções para a crise.
Entre os políticos amazonenses com ascendência palestina está o senador Omar Aziz. Em maio, ele liderou uma sessão no Senado Federal para lembrar os 75 anos da invasão da Palestina por forças israelenses. Ele disse que, segundo dados da ONU, entre 725 mil e 800 mil palestinos foram expulsos de suas terras.
“A Organização das Nações Unidas, ela, com várias resoluções, nenhuma cumprida, qualquer outro país teria sofrido sanções imediatas, se não cumprisse as resoluções da ONU. Infelizmente, isso vem acontecendo há décadas. E é um momento de a gente procurar não só a paz, mas o direito e autodeterminação dos povos“, defendeu. O evento ocorreu antes dos conflitos mais recentes.
Impactos no Setor Agrícola Brasileiro
O confronto não deve afetar drasticamente o comércio entre o Brasil e Israel, mas pode gerar implicações para o setor agrícola brasileiro. Uma das principais preocupações diz respeito ao preço do petróleo, já que as oscilações podem afetar o custo de produção de fertilizantes, diesel e frete no Brasil.
O prolongamento do conflito no Oriente Médio pode elevar preços de commodities, afetando setores de exportação do Brasil, como carnes, soja, cereais e produtos florestais. O Brasil exportou US$ 727,43 milhões em produtos agrícolas para Israel no ano passado, conforme dados da balança comercial.
Além disso, o País importa fertilizantes, defensivos e sementes de Israel, com compras totalizando US$ 1,45 bilhão em 2022. O Brasil depende de fertilizantes israelenses, com Israel sendo responsável por uma parte significativa dos suprimentos de cloreto de potássio e fosfato diamônico (DAP).
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