Coronel que espalhou fake news sobre sistema eleitoral é excluído de fiscalização das urnas pelo TSE

A presença dos militares, no TSE, para inspecionar os códigos-fonte das urnas eletrônicas gerou um novo capítulo da crise entre a mais alta Corte da Justiça Eleitoral e o Ministério da Defesa (Carlos Moura/STF)
Com informações da FolhaPress

BRASÍLIA – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, decidiu excluir do processo de fiscalização do sistema eleitoral o coronel Ricardo Sant’Anna, que usou as redes sociais para divulgar informações falsas sobre o processo de votação do País. Fachin encaminhou um ofício na manhã desta segunda-feira, 8, ao ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, comunicando a exclusão.

A decisão foi tomada após veículos de imprensa noticiarem que o oficial do Exército fez diversas publicações nas redes sociais de conteúdos que, nas palavras de Fachin, “disseminaram informações falsas a fim de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro”. A informação foi divulgada pela coluna de Rodrigo Rangel, do site Metrópoles, e confirmada pelo Estadão.

“Conquanto partidos e agentes políticos tenham o direito de atuar como fiscais, a posição de avaliador da conformidade de sistemas e equipamentos não deve ser ocupada por aqueles que negam prima facie o sistema eleitoral brasileiro e circulam desinformação a seu respeito”, escreveu Fachin. “Tais condutas, para além de sofrer reprimendas normativas, têm sido coibidas pelo TSE por meio de reiterados precedentes jurisprudenciais”, completou.

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O coronel Sant´Anna é um dos nove oficiais indicados pela Defesa para inspecionar os códigos-fonte das urnas na sede do TSE. Veículos identificaram que o militar fez diversas publicações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), contando até mesmo com fake news contra o sistema eleitoral.

Em uma das postagens, o oficial comparou a segurança dos dispositivos eletrônicos de votação com uma loteria e ainda escreveu que “nenhum País desenvolvido” adotou este sistema. Além do Brasil, nações como França e Estados Unidos também utilizam urnas eletrônicas. O processo eleitoral brasileiro é reconhecido, internacionalmente, como um dos mais seguros e confiáveis do mundo.

“A elevada função de fiscalização do processo eleitoral há que ser exercida por aqueles que funcionam como terceiros, capazes de gozar de confiança da Corte e da sociedade, mostrando-se publicamente imbuídos dos nobres propósitos de aperfeiçoamento do sistema eleitoral e de fortalecimento da democracia”, prosseguiu Fachin no ofício enviado à Defesa.

A presença dos militares, no TSE, para inspecionar os códigos-fonte das urnas eletrônicas gerou um novo capítulo da crise entre a mais alta Corte da Justiça Eleitoral e o Ministério da Defesa. Na semana passada, o ministro Nogueira encaminhou um ofício, ao tribunal, cobrando acesso “urgentíssimo”, às suas dependências, para fazer a fiscalização desta etapa de preparação das eleições.

O acesso aos dispositivos, contudo, estava autorizado desde outubro do ano passado, após o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, ampliar de seis meses para um ano o período de inspeção. A movimentação dos militares, às vésperas do início da campanha eleitoral, tensionou ainda mais a relação com a Corte. O pedido de acesso aos códigos só foi feito após uma reunião entre técnicos das Forças Armadas e da Justiça Eleitoral – o ministro da Defesa pressionou os magistrados para que o encontro fosse realizado. Eles têm 10 dias para fazer as análises no sistema e, eventualmente, fazer sugestões.

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