Covid-19: Brasil é o 2º País com mais mortes de crianças
07 de junho de 2021
Até maio, 948 crianças de zero a nove anos morreram de Covid no Brasil (Tchélo Figueiredo)
Com informações do Estadão
SÃO PAULO – Lorena viu a filha Maria, de 1 ano e 5 meses, morrer em seus braços. Com diagnóstico tardio, Lucas, de um ano, filho de Jéssika, enfrentou diversas complicações relacionadas à Covid-19 e morreu. José Rivera viu o filho Bernardo, de três anos, sucumbir à Covid-19 uma semana depois de testar positivo.
Eles não são exceções. Até meados de maio, 948 crianças de zero a nove anos morreram de Covid no Brasil, segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe) compilados pelo Estadão. Sem políticas de proteção à infância, sem controle da pandemia e com escolas fechadas, o Brasil fica em segundo lugar no triste ranking de crianças vítimas da Covid-19, atrás apenas do Peru.
José Rivera viu o filho Bernardo, de três anos, sucumbir à Covid-19 uma semana depois de testar positivo (EPITACIO PESSOA/ESTADAO)
A cada um milhão de crianças de zero a nove anos existentes no País, 32 perderam a vida para a Covid-19. No Peru, País com o maior número de mortes dentre os 11 analisados, foram 41 por milhão. As vizinhas Argentina e Colômbia tiveram 12 e 13 mortes por milhão, respectivamente.
Para a análise, foram considerados os países que registraram pelo menos mil mortes por milhão de habitantes e que possuem mais de 20 milhões de habitantes. Polônia e Ucrânia, que entrariam na lista, foram excluídas pela ausência de dados. O cálculo foi feito pelo Estadão com apoio de Leonardo Bastos, estatístico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Europa
Nos países europeus, o cenário foi completamente diferente. O Reino Unido e a França registraram apenas quatro mortes de crianças de zero a nove anos, o que dá uma taxa de 0,5 morte por milhão em cada um dos países. No continente, o maior número foi registrado na Espanha. Lá, a cada um milhão de crianças, três morreram por Covid-19 — um décimo do índice brasileiro.
Fátima Marinho, epidemiologista Sênior da Vital Strategies, uma organização global de saúde pública, explica que o sistema de saúde do Peru é muito mais precário que o do Brasil. Por isso, já era esperado que o país andino registrasse índices piores. “O serviço público de saúde do Peru é muito mais incipiente. Não trata nenhuma doença cara, por exemplo”, diz.
Ainda na América Latina, o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro tinha capacidade para lidar melhor com a pandemia em comparação aos sistemas mexicano e colombiano, segundo Fátima. No entanto, nossos índices de mortalidade e descontrole são bem piores.
“O México tem um plano popular de saúde, mas é muito restrito. Quem não paga pelo menos esse plano, morre na calçada. Esses tipos de sistema de saúde são um desafio. Com exceção da Argentina, Chile e Uruguai, estávamos mais bem preparados que os outros países latinos para enfrentar a pandemia”, fala a epidemiologista.
A maior parte das mortes aconteceu em maio do ano passado, quando 131 crianças de zero a nove anos perderam a vida para a covid-19 no Brasil. Em seguida, vem abril deste ano, com 99 óbitos. Os números de maio de 2021 ainda não estão consolidados. Os bebês de até dois anos foram as principais vítimas, correspondendo a 32,7% das mortes analisadas.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.