Cresce proporção de reportagens negativas sobre o Brasil no exterior

Críticas à polarização, fake news e ameaças à democracia, às vésperas da eleição, pioram reputação do País (Reprodução/Internet)
Com informações da Folhapress

SÃO PAULO – A cobertura crítica sobre a campanha eleitoral brasileira levou a um aumento da proporção de notícias com tom negativo sobre o Brasil na imprensa estrangeira.

Pela primeira vez desde junho, quando o assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira levou a imagem internacional do Brasil na imprensa estrangeira a seu pior momento, a quantidade de textos negativos ultrapassou os neutros e se tornou a maioria das menções ao País.

Na semana de 19 a 25 de setembro, o total de notícias da coleta de dados do Índice de Interesse Internacional — ou iii-Brasil — foi de 48 artigos com menções sobre o Brasil nos sete veículos de imprensa estrangeiros analisados.

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O período registrou 54% de textos com tom negativo, com potencial de piorar a imagem internacional do País. Além disso, 40% das reportagens analisadas tinham tom neutro — ou seja, assuntos com natureza factual sobre o Brasil, sem indicação de prejuízo a sua reputação no exterior. Ainda houve 6% de notícias positivas, com potencial de melhorar a imagem do País.

O tom negativo foi impulsionado especialmente por reportagens a respeito da campanha eleitoral brasileira, incluindo artigos de opinião. No jornal português Público, por exemplo, o ator brasileiro Paulo Betti se diz “muito preocupado com as ameaças reais que sofre nossa democracia no Brasil”.

Imprensa internacional

No espanhol El País, a reportagem fala sobre a “sombra” dos militares sobre o sistema eleitoral. Já no britânico “The Guardian”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) é criticado por usar técnicas para amedrontar os eleitores em relação a seu oponente.

Um destaque importante e também negativo na imprensa internacional, ao longo da semana, foi a proliferação de notícias falsas no Brasil às vésperas da votação. No francês “Le Monde”, uma reportagem acusa a campanha do presidente de manipular informações e propagar fake news para tentar atrair votos. “A máquina de desinformação está a pleno vapor”, diz.

O argentino “Clarín” trata do mesmo tema, mas diz que, além do presidente, seu rival Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também “inunda a TV com notícias falsas”. Já o “Público” diz que os dois candidatos abusam de “informações incorretas” em suas campanhas.

Ainda, o “Clarín” aborda uma certa preocupação após as eleições no Brasil: teme-se que Brasília, ao proclamar o vencedor no dia 2 de outubro, “seja alvo de protestos violentos se o ex-presidente Lula vencer”.

As viagens de Bolsonaro para o funeral da rainha Elizabeth 2ª, no Reino Unido, e para a Assembleia Geral da ONU, nos EUA, também foram temas de reportagens com enquadramento editorial negativo.

O “El País” diz que o presidente transformou as viagens em atos de campanha. O “Clarín” também falou sobre o propósito eleitoral das viagens. O “Público” aponta que o uso do púlpito pelo presidente, na Assembleia Geral, figurou-se como discurso de comício da campanha, como os que realizados em algum Estado brasileiro.

Desde o início de abril, o iii-Brasil, ao estudar a imagem internacional do Brasil, coletou e analisou, em média, 55 reportagens por semana com menções de destaque ao País nos sete veículos de imprensa.

Ao longo do levantamento das últimas 24 semanas, o iii-Brasil registrou, em média, 50% de reportagens de tom neutro, 39% de menções com tom negativo e 11% de textos positivos sobre o Brasil.

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