David Almeida em 100 dias: além dos ‘fura-filas’, atos da gestão municipal que negativaram Manaus na Internet
11 de abril de 2021
Os 100 primeiros dias da gestão de David Almeida como prefeito de Manaus foram marcados por série de polêmicas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Marcela Leiros e Priscila Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – Figurando no Google como o pior prefeito da Amazônia em notícias sobre gestão pública nos últimos 100 dias, como mostra pesquisa da REVISTA CENARIUM que viralizou neste fim de semana na internet, David Almeida (Avante), chefe do Executivo em Manaus, estreou a administração com atos polêmicos que fizeram da capital amazonense pauta negativa para a imprensa do eixo “Rio-São Paulo”.
Além do já conhecido caso dos “fura-filas” da Covid-19, o prefeito de Manaus aparece em registros de veículos de circulação nacional, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, UOL, Agência Brasil e CNN Brasil, entre outros, com matérias de associação a políticos investigados e em casos de lobby.
Recorde brasileiro
O episódio envolvendo a imunização da Covid-19 em que o prefeito de Manaus é acusado pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) de fraudar documentos para beneficiar aliados políticos e empresários rendeu a David Almeida um recorde para um prefeito brasileiro: um pedido de prisão em menos de dois meses no cargo. Em consulta a especialistas em história da política brasileira não há caso semelhante.
Jornal Folha de São Paulo veiculou notícia sobre pedido de prisão de David Almeida
No dia 23 de fevereiro de 2021, a Agência Brasil publicou matéria sobre pedido de afastamento do prefeito David Almeida e de outros assessores, entre eles secretários municipais de Saúde (Semsa) e de Limpeza Pública (Semulsp).
Matéria da Agência Brasil mostra denúncia contra David Almeida e a secretária de Saúde Shádia Fraxe
Segundo a publicação, o prefeito e a secretária de Saúde do município, Shádia Fraxe são suspeitos, junto a outras dez pessoas, de terem participado do esquema dos fura-filas da vacina, contratando pessoas irregularmente e burlando as prioridades estabelecidas na campanha de vacinação contra Covid-19 na capital amazonense.
Dez dias antes, em 13 de fevereiro, o site de notícias UOL publicou matéria em que sete médicos servidores do município estavam sendo investigados pelo MPF-AM por suspeita de furar a fila da vacinação. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município, naquela ocasião.
Matéria do UOL também destacou o caso das servidoras nomeadas, vacinadas e exoneradas em seguida
O site UOL deu ênfase à exoneração dos servidores que tinham, entre os nomes, as irmãs gêmeas Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins, “filhas de um empresário do ramo da educação no Amazonas”.
Assistência suspeita
No dia 14 de fevereiro, o jornal O Estado de São Paulo veiculou notícia associando o prefeito de Manaus ao governador do Pará, Helder Barbalho, em que David Almeida teria investido em programa de assistência semelhante ao do governo federal e Barbalho, por sua vez, incorporando o programa da prefeitura de Belém (PA). A publicação fez menção ao fato de ambos terem sido alvos de investigações relacionadas à pandemia.
Jornal O Estado de S.Paulo ressaltou o fato de David Almeida, bem como o governador do Pará, Helder Barbalho, serem alvos de denúncias
O jornal Folha de São Paulo foi outro de veiculação nacional a repercutir, no mês de janeiro, o pedido de prisão do prefeito de Manaus por suspeitas de fraude na vacinação. Segundo o jornal, em uma representação do MPF-AM, as diligências da Coordenadoria de Atuação Operacional de Combate ao Crime Organizado (Caocrimo) apontaram que a secretária de Saúde, Shádia Fraxe, e o prefeito David Almeida tiveram participação na contratação de dez médicos para o cargo de gerente de projetos.
Nota publicada pela Folha de São Paulo foi assinada por cientistas do Inpa
Asfalto em casa
Sem citar nome, o prefeito de Manaus, David Almeida, culpou um funcionário da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) pelo asfaltamento seletivo que ocorreu somente em frente à casa dele – que funciona como “Comitê Político” – na rua José Chevallier, no bairro Morro da Liberdade, na zona Sul da capital. A residência fixa do prefeito fica no bairro Ponta Negra, na zona Oeste da cidade.
A notícia sobre a recuperação da rua de David Almeida, um mês após ele tomar posse do cargo, veio à tona com o vídeo de um morador do Morro que viralizou na noite de terça-feira, 2. Aparentemente revoltado, o homem relatou detalhes da obra. A notícia indignou moradores de toda a cidade de Manaus que aguardam infraestrutura.
Asfaltamento na frente da casa de David Almeida foi assunto nos 100 dias (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Nomeações aliadas
A classe artística da capital amazonense divulgou nas redes sociais diversos manifestos contra as nomeações de “cabide político” feitas pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), para comandar a Fundação Municipal de Turismo e Eventos (ManusCult). Foram nomeados os ex-vereadores Carlos Porta, Reizo Castelo Branco e Elias Emanuel. Depois da polêmica, o prefeito desistiu das contratações.
Carlos Porta, David Almeida e Reizo Castelo Branco: nomeações polêmicas em 100 dias (Reprodução/Internet)
Auxílio desvirtuado
Prometido pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), para ajudar famílias em vulnerabilidade social em meio à pandemia com um valor mensal de R$ 200, o chamado “Auxílio Manauara” beneficiou comerciantes com capital social de até R$ 100 mil, deixando de fora, pessoas que vivem na extrema pobreza.
Endereço de um dos contemplados pela Prefeitura de Manaus no Auxílio Manauara, segundo a Receita Federal (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
A coleta de dados foi feita a partir da lista de contemplados, divulgada pela prefeitura e demais órgãos ligados à iniciativa. A validação das informações dos empresários surgiu após consulta em sites de domínio público com informações disponíveis a qualquer usuário da internet.
No dia seguinte após a publicação da matéria do Auxílio Manauara, a Prefeitura de Manaus informou que os contemplados citados com registro de comerciantes na Receita Federal tiveram os documentos fraudados e havia dados oficiais que mostravam essas pessoas em vulnerabilidade social. A prefeitura ficou de enviar o respaldo das informações, mas até este domingo, 11, os documentos não foram entregues.
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