Depoimento em CPI reforça que ‘Capitã Cloroquina’ mobilizou tratamento precoce em Manaus


15 de junho de 2021
Depoimento em CPI reforça que ‘Capitã Cloroquina’ mobilizou tratamento precoce em Manaus
Medicamentos que são receitados no "Kit Covid" e que não têm eficácia comprovada ( Dirceu Portugal/Fotoarena / Agência O Globo)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, foi a Manaus, em janeiro, em comitiva para implantar a prescrição do “tratamento precoce” contra Covid-19 na rede de atenção primária de Saúde. A informação foi confirmada durante depoimento do ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, nesta terça-feira, 15.

De acordo com o ex-titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), Mayra Pinheiro deu “ênfase” à importância de prescrever medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 nas unidades de saúde municipais do Estado, assim como sobre o aplicativo TrateCov, desenvolvido pelo Ministério de Saúde e que serviria para diagnosticar a Covid-19.

“Ela tinha uma opinião da questão do tratamento precoce, falava dos medicamentos para esse tratamento, inclusive dizendo que havia 150 teses a respeito desse tema. Na verdade ela recomendou que adotasse essa sistemática que ela ainda iria trabalhar principalmente na atenção primária. Isso era para o primeiro contato com o paciente, no caso no interior, nos municípios”, detalhou Campêlo.

Sobre a apresentação do aplicativo TrateCov em Manaus, Campêlo pontuou que o sistema foi uma das pautas de um evento realizado na capital amazonense no dia 11 de janeiro, com a presença inclusive do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que coordenava o Ministério à época. “O evento que participei foi no dia 11, com o Pazuello, onde apresentaram painéis sobre o TrateCov. O evento teve várias pautas, nesse momento foi apresentado o TrateCov”, disse.

Imunidade de rebanho

Ainda na sessão desta terça-feira, os senadores questionaram Marcellus sobre a possibilidade do Governo do Amazonas trabalhar com a tese da Imunidade de Rebanho – que consiste em atingir um ponto em que há uma quantidade suficiente de pessoas imunes ao vírus, interrompendo a transmissão comunitária – o que foi refutado pelo ex-secretário.

“Eu não acredito nessa tese da imunidade de rebanho, não participei de nenhuma reunião que abordasse esse assunto dentro do governo ou mesmo com o governo federal. Essa tese nunca foi veiculada em qualquer reunião que eu tenha participado”, pontuou.

Aliança com prefeito

O depoimento do ex-secretário de Saúde reforça a suspeita de que Mayra Pinheiro tinha anuência com o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), para prescrição de medicamentos sem comprovação científica durante a segunda onda da Covid-19 no Amazonas em janeiro.

Em depoimento à CPI da Pandemia, em 25 de maio, a “Capitã Cloroquina” afirmou que, diante do número de mortes pela doença durante a crise de oxigênio em Manaus, era “inadmissível não ter a adoção de todas as medidas”, em referência ao uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. Mayra Pinheiro ainda confirmou que houve um encontro no dia 4 de janeiro com David Almeida e a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe.

Pazuello também confirmou que o tratamento precoce estava sendo prescrito nas unidades de saúde da capital amazonense em janeiro. Neste mês, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em uma live, o ex-ministro confirmou que a estratégia estava sendo usada em Manaus. Na transmissão, Bolsonaro questiona “Você entrou com o tratamento precoce em Manaus agora?” e Pazuello responde “Já está funcionando com a nova gestão”, se referindo à administração de David Almeida.

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