EDITORIAL – Desinformação na Ciência, por Paula Litaiff

(Divulgação)

Publicado na revista científica Journal of Racial and Ethnic Health Disparities, em 24 de abril deste ano, o artigo que apontou os efeitos letais da desinformação no Amazonas, na segunda onda da Covid-19, colocou em xeque os veículos de imprensa tradicionais que disseminaram dados dos boletins do Atlas de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS Atlas Amazonas) sem ouvir contrapontos, levando as autoridades a abolirem medidas que poderiam ajudar a salvar vidas, no segundo semestre de 2020 e começo de 2021.

Um erro grave e irreversível para os mortos no segundo ápice da contaminação pelo novo coronavírus. A pesquisa, assinada por oito cientistas de seis instituições brasileiras, confrontou jornalistas que noticiaram informações de boletins como se fossem um estudo científico. “Pesquisa científica precisa ser publicada em imprensa científica para a revisão dos pares. Se assim não for, não pode ser divulgada como Ciência”, ratificaram os pesquisadores.

A REVISTA CENARIUM foi um dos veículos de comunicação que decidiu ouvir o contraponto aos boletins do ODS Atlas Amazonas, na edição de junho de 2020, após acompanhar, na imprensa internacional, que a segunda onda da pandemia iniciava com força nos países da América do Norte e na Europa. Não havia pesquisas brasileiras sobre a letalidade da variante P.1, conhecida como gama, que surgiu em Manaus (AM) durante a segunda onda da Covid-19 e se alastrou para o restante do País.

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O fazer jornalístico é complexo em sua essência e, a cada dia, exige dos profissionais que se propõem a exercer a profissão um alto grau de responsabilidade. O escritor e jornalista Felipe Pena (2005) defende que “Embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade, não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim a submissão a um planejamento produtivo”.

Pena foi um dos principais estudiosos da teoria “newsmaking”, que pressupõe que as notícias cumprem uma rigorosa rotina industrial determinada pelos veículos de comunicação devido à quantidade excessiva dos fatos e os riscos que erros podem gerar. Nós, jornalistas, precisamos estar em constante reflexão sobre a ideia de que a informação pode ser antídoto ou veneno e, cabe a nós, a responsabilidade de receitar.

O assunto foi tema de capa e especial jornalístico da nova edição da REVISTA CENARIUM do mês de maio de 2023. Acesse aqui para ler o conteúdo completo.

(Reprodução)
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