Desmatamento em Rondônia registra maior queda em toda Amazônia


25 de outubro de 2023
Desmatamento em Rondônia registra maior queda em toda Amazônia
Área desmatada em Rondônia (Divulgação)
Daniela Castelo Branco – Da Revista Cenarium Amazônia

PORTO VELHO (RO) – Em setembro, Rondônia registrou a maior queda no desmatamento de toda a Região Amazônica, em comparação ao ano passado. Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontam que o Estado teve redução em mais de 70% na área desmatada. Ela é menor em seis anos. 

De acordo com o Imazon, no mesmo período do ano anterior, foram registrados 1.082 km² de desmatamento. Neste ano, os dados se apresentam mais positivos; 296 km²: uma diminuição de 73%.

Os dados levantados pelo Instituto mostram que mais de 60% do desmatamento ocorreu em áreas privadas, demonstrando claramente atos negligentes em áreas de posse, 24% desse desmatamento verificou-se em assentamentos, cerca de 8% em áreas de conservação e, por último, 5% em localidades indígenas (cerca de dez áreas indígenas). Três delas estão localizadas em Rondônia; as comunidades de TI Igarapé Lage, TI Karipuna e TI Sete de Setembro. Lidera o ranking a Terra Indígena Apyterewa,

Apesar da queda, o desmatamento na região amazônica, no primeiro trimestre desse ano, apresentou um índice alto, o que se pode comparar a mais de mil campos de futebol por dia. Só em setembro, foram destruídos cerca de 546 km² de floresta.

Estudos da Greenpeace Brasil apontaram milhares de hectares de terras públicas desmatadas. O local ficou conhecido como a ‘Fronteira do Desmatamento’. As áreas mais prejudicadas pelo desmatamento em Rondônia localizam-se nas proximidades das divisas com Acre e Amazonas, na região chamada de Amacro.

Vista aérea de floresta amazônica devastada perto de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, uma das regiões mais afetadas pelo desmatamento. (©Greenpeace/Marizilda Cruppe)
Sedam confirma queda

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) confirmou a queda significativa durante o primeiro trimestre de 2023 e que teve seu pico de queda no mês de setembro. Os dados são da Coordenadoria de Geociências (Cogeo), que usa o sistema Deter no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que fez um levantamento de alertas de evidências de qualquer alteração da cobertura florestal na região amazônica.

Segundo o secretário da Sedam, Marco Antonio Lagos, foi um esforço enorme da secretaria para mapear e combater o desmatamento. “Conseguimos esse resultado por meio de uma política de fiscalização, comando de controle e educação ambiental para monitorar, combater e diminuir, de forma significativa, o desmatamento no Estado”, afirmou. 

O secretário destacou ainda que o objetivo é manter e melhorar o comando de controle para reduzir ainda mais o desmatamento ilegal e aperfeiçoar o Cadastro Ambiental Rural (CAR), para que o desmatamento seja apenas o que a lei permite. Para o coordenador da Cogeo, Guilherme Vilela, a equipe segue em observação sobre as informações do painel de monitoramento e alerta de desmatamento. “Com o acompanhamento diário e as atividades de fiscalização é possível diminuir progressivamente a área devastada. Para seguirmos nesse processo de queda no desmatamento é preciso intensificar a fiscalização”, finalizou

O que é Amacro

Amacro é a união das siglas do encontro geográfico entre os três Estados amazônicos: Acre, Amazonas e Rondônia, que possuem em comum o grave problema do aumento descontrolado do desmatamento e das queimadas.

A junção desses três Estados se consolida como potência do agronegócio e essa tríplice divisa vem sendo preparada para receber o boi e a soja por meio do desmatamento, da invasão de terras públicas – incluindo unidades de conservação e terras indígenas –, das queimadas e da extração de madeiras para alimentar um segmento quase que todo ele operando na ilegalidade. 

Apesar de toda a fartura de terras disponíveis para fazer da Amacro a potência do agronegócio, milhares de hectares de floresta são derrubados e queimados a cada dia.

Leia também: Em Rondônia, Justiça vai julgar lei que proíbe destruição de máquinas do garimpo e do desmatamento

Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona

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