Dia do Jornalista: ‘Não é apenas emitir opiniões’, alertam profissionais sobre necessidade do diploma
07 de abril de 2024
Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro (a esq) e a Dra. Cris Barbosa (Composição: Weslley Santos/Revista Cenarium)
Carol Veras – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – Em um cenário no qual as “fake news” e a desinformação continuam em ascensão no Brasil, uma profissão é essencial para a disseminação da verdade e proteção da democracia: o jornalismo. Mesmo com essa importância, os profissionais da área assistem à desvalorização da categoria, que teve início com a exclusão da exigência do diploma para o exercício da profissão.
Neste domingo, 7 de abril, Dia do Jornalista, a principal luta é pela restituição dessa obrigatoriedade. A data, criada pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 1931, é uma homenagem ao jornalista e médico assassinado Giovanni Battista Libero Badaró, com o objetivo de garantir os direitos dos profissionais da área.
Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2009 excluiu a exigência de diploma para o exercício da profissão. Na época, o então procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza argumentou que “exigir o diploma limita a liberdade de expressão garantida pela Constituição, pois a atividade jornalística demanda um conhecimento multidisciplinar e o diploma pode impedir que outros profissionais compartilhem seu conhecimento através do jornalismo“.
A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, rebate a alegação de Antônio Fernando de Souza, lembrando que o jornalista não apenas emite opiniões. Ela defende a obrigatoriedade do diploma e lembra que a profissão tem a função de levar à sociedade informações de interesse público, sem emitir juízo de valor.
“Fazer jornalismo não é apenas emitir opiniões, é consultar fontes credíveis, fontes plurais, diversas e levar a informação de interesse público para a sociedade para que a sociedade possa tomar juízo de valor e assim adquirir cidadania”, declarou em vídeo divulgado nas redes sociais.
A Fenaj luta pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 206/2012, que restabelece a obrigatoriedade do diploma de nível Superior específico em Jornalismo para o exercício da atividade no País. A emenda está pronta para ser votada na Câmara dos Deputados e precisa de 308 votos favoráveis para restituir a obrigatoriedade da certificação como critério de acesso à profissão de jornalista no Brasil.
“O jornalismo é uma profissão muito séria. O jornalista precisa de uma formação a priori e essa formação é conseguida através da universidade. É preciso que os profissionais passem por pelo menos quatro anos estudando para se qualificar não só na parte técnica e teórica, mas também e sobretudo a respeito da ética profissional“, destaca.
Samira de Castro, presidente da Fenaj (Reprodução/Redes Sociais)
Pesquisas apontam que a exigência de formação acadêmica desempenha um papel importante em melhorar a qualidade das reportagens e a ética dos profissionais. Além disso, essa exigência tem estabelecido padrões éticos compartilhados e garantido pisos salariais para a categoria, como compartilha a mestre PhD em Ciências da Informação e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Cris Barbosa.
“É inadmissível a prática de pessoas sem formação universitária de qualidade, com o selo do MEC [Ministério da Educação], que estejam praticando o jornalismo em nossa sociedade“, afirma a profissional. “No âmbito do jornalismo, uma profissão com mais de 400 anos de história e mais de um século de ensino especializado, no nosso caso – com 55 anos de ensino de jornalismo no Amazonas – todas as pesquisas apontam para a importância do diploma universitário como um requisito fundamental para o exercício da nossa profissão.”
Cris Barbosa ainda reitera que a profissão se faz cada vez mais necessária devido ao avanço da desinformação e da inteligência artificial. “Em tempos de modernidade líquida e avanços da desinformação ligada ainda à Inteligência Artificial, é crucial considerar que a prática de qualquer profissão especializada deve estar atrelada à educação especializada”, acrescenta.
Dra. Cris Barbosa (Reprodução/Arquivo Pessoal)
Editado por Marcela Leiros Revisado por Gustavo Gilona
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.