Economistas apontam os perigos da redução do imposto de bicicletas para as empresas do PIM
18 de fevereiro de 2021
Redução da alíquota será de até 15%. (Reprodução/Suframa)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Economistas entrevistados pela REVISTA CENARIUM nesta quinta-feira, 18, apontam os perigos que a redução de 15% do imposto sobre importação das bicicletas representa para o Polo Industrial de Manaus (PIM).
Segundo a economista Denise Kassama, um imposto alto estimula a implantação de novas empresas na indústria e faz com que investidores prefiram comprar um produto com produção nacional. No entanto, quanto menor a diferença tributária entre fabricar e importar o produto pronto, menor será o estimulo à produção no PIM.
“Quanto menor for a diferença tributária entre fabricar e importar o produto pronto, menor será o estimulo à produção. Afinal, na importação do produto acabado, o investidor não tem custos operacionais, gerenciamento de estrutura fabril, mão de obra. Menos trabalho, menos cobrança do governo e bom retorno”, afirmou.
Publicação de Jair Bolsonaro sobre a redução do imposto. (Reprodução/Instagram)
Perigo
Para o economista Orígenes Martins Junior, a redução do imposto se tornará um perigo para as empresas da Zona Franca de Manaus (ZFM). “A questão é que os importadores de outros Estados, sem pagar este imposto, podem adquirir as bicicletas mais barato da China. Isto é um perigo caso nossas empresas não se mobilizarem”, indicou o economista.
A fabricação nacional de bicicletas tem as principais fábricas instaladas no PIM, colocando o Brasil na quarta posição entre os principais produtores mundiais. Em 2020, o segmento de bicicletas, inclusive elétricas, faturou R$ 847.585.041 até novembro, de acordo com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Este foi um dos poucos segmentos que apresentou alta no 2º semestre de 2020.
Repercussão no AM
O anúncio repercutiu no Estado e gerou manifestações pelas divergências de ponto de vista econômico. “O governo deveria estar implantando medidas de estímulo à atividade industrial, que é uma das maiores geradoras de emprego no País e não o oposto”, diz Kassama.
O senador Omar Aziz (PSD-AM) publicou uma carta direcionada a Bolsonaro pedindo sensibilidade e bom senso. “A Camex [Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior], com a redução da alíquota de impostos para o setor de bicicletas, sufoca ainda mais o Amazonas, extinguindo cinco mil empregos diretos e indiretos”, diz trecho.
Omar Aziz escreveu carta aberta direcionada a Jair Bolsonaro (Reprodução/Facebook)
A mudança também gerou indignação no deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM). O deputado destacou que “baixar o imposto de importação das bicicletas, significa gerar mais desemprego no Amazonas onde estão as indústrias de bicicletas”.
Marcelo Ramos também criticou decisão. (Reprodução/Twitter)
A medida foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) e publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 18. Atualmente, o imposto é de 35% sobre o valor do produto. E a redução progressiva será dividida em três meses até a alcançar a porcentagem de 20%. Em julho, a alíquota deverá ser de 30%; em julho 25%; e em dezembro, 20% respectivamente.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.