Indígena da etnia Mura (Composição: Weslley Santos/Cenarium)
Os efeitos da crise climática reforçam a ideia de que a proteção das florestas é a saída para a sobrevivência humana na terra, e não há proteção de ecossistemas sem resguardar a vida de quem está na linha de frente desta guerra: os povos indígenas e, especialmente, as etnias que decidiram não estabelecer contato com não indígenas, chamados de povos isolados, que são os grandes guardiões das florestas.
A professora e escritora indígena Eliane Potiguara, 74, explica, na obra “Metade cara, metade máscara” (2004), que “Um território não é apenas um pedaço ou uma vastidão de terras. Um território traz marcas de séculos, de culturas, de tradições. É um espaço ético, não é apenas um espaço físico como muitos políticos querem impor. Território é vida, é biodiversidade, é um conjunto de elementos que compõem e legitimam a existência indígena”.
O conteúdo especial desta edição da REVISTA CENARIUM alerta a sociedade para o risco de morte de indígenas isolados no território da Amazônia, entre os municípios de Silves e Itapiranga (AM), que levou a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) a recomendar “a suspensão imediata das atividades de exploração de gás da empresa Eneva e do plano de manejo florestal da empresa Mil Madeiras”.
As invasões mercantilistas, missionárias, latifundiárias do passado e do presente têm gerado o genocídio dos povos indígenas no Brasil sob a justificativa demagógica de desenvolvimento econômico, um desenvolvimento que chega apenas a um grupo seleto de pessoas, quando a maioria da população é explorada, cooptada e relegada à margem social.
De janeiro a março de 2024, a Eneva registrou uma receita líquida de R$ 2 bilhões e, nesse período, a CENARIUM foi à região onde a empresa tem operação no Amazonas, no município de Silves, e se deparou com um alto registro de desemprego, e com moradores em vulnerabilidade social, buscando sustento em um lixão, ao lado da empresa.
Não vivemos mais no período da invasão portuguesa ao Brasil, no ano de 1500, quando exploraram a nossa terra e assassinaram nossos antepassados em troca de espelhos. É preciso que tenhamos enraizado entre nós a ideia de pertencimento territorial e entendamos que proteger os guardiões das florestas é proteger a humanidade.
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