Eleições: candidatos se comprometem com agenda agroecológica de povos indígenas e tradicionais
03 de novembro de 2020
Amazônia será importante para garantir o desenvolvimento da agricultura no mundo (Elza Fiúza/Agência Brasil)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – Para garantir políticas públicas de apoio à agricultura familiar e à agroecologia dos povos indígenas e comunidades tradicionais, uma campanha está mobilizando candidatos nas eleições municipais. Em todo o país, 350 postulantes a prefeitos e vereadores já fizeram adesão ao projeto elaborado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
Em entrevista à REVISTA CENARIUM, o membro do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Dione Torquatto, explicou que agroecologia ainda está em um processo de transição no Brasil, cujo segmento busca mais segurança e qualidade alimentar, fazendo com que a população consuma o alimento sem o uso agrotóxicos.
Dione Torquatto, membro do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) – (Arquivo)
Segundo o extrativista, há um grande esforço de mobilização para que os agricultores familiares adotem, cada vez mais, medidas de transição para o uso de produtos que não sejam químicos e passem usar os naturais.
“Essa mobilização ela tem sido somado num esforço mais amplo, com a perspectiva de termos o maior número de adesão de candidatos, haja vista o atual contexto político federal que é muito complicado para a agricultura familiar, para o meio ambiente e para a garantia dos povos e comunidades tradicionais. Queremos assegurar que os gestores municipais tragam essa pauta da agroecologia também para os Estados e municípios”, disse Torquatto.
Amazônia
Para a região amazônica, Torquatto explicou que a agroecologia é a garantia dos recursos naturais do meio ambiente, cujo segmento é visto como tradição para os povos tradicionais da floresta.
“Para a Amazônia, a agroecologia é a vida, ela representa o território dessas populações. A agroecologia é, inclusive, como princípio básico a relação do modo de vida das populações tradições da floresta”, disse. “Defender a agroecologia é defender o modelo de políticas públicas que têm uma sustentabilidade maior e uma promoção a uma qualidade de vida maior”, salientou.
Dione Torquatto explica, ainda, que a agroecologia é o meio pelo qual os indígenas garantem a existência de sua cultura e é preciso dar mais visibilidade à temática sustentável. O extrativista enfatizou, também, que os povos tradicionais sempre viveram da base ecológica, ou seja, sem o uso de veneno ou agrotóxicos.
“O que a gente quer, dando mais visibilidade à agroecologia, é justamente tentar impedir com que os agrotóxicos cheguem na mesa dos brasileiros e que sejam utilizados pelos agricultores, pois é um produto que causa não somente mal a quem o consome, como, principalmente, quem faz o manuseio de agrotóxicos de forma desordenada”, finalizou Torquato.
Desafios
Nos Estados do Norte do País, a carta-campanha da ANA tem apenas dez candidatos que já firmaram compromisso. As maiores adesões estão presentes nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, com com 162 e 128 assinaturas, respectivamente.
Torquato frisou que a Articulação Nacional de Agroecologia, por meio da campanha, oferece propostas para que os candidatos possam aderir, mas é necessário que os Estados criem políticas públicas de incentivo à agroecologia e à sustentabilidade.
“Para que ela seja implementada, é preciso que os Estados e municípios, por exemplo, criem suas políticas de agroecologia e esse tem sido um desafio, pois, na verdade, nem os Estados conseguem criar suas políticas. Ressalta-se o Estado do Amazonas que, em 2018, aprovou a Política Estadual de Agroecologia, mas a gente precisa seguir isso, ainda, nos municípios”, concluiu.
Elaboração de propostas
De acordo com ANA, as propostas foram elaboradas por organizações, coletivos e movimentos sociais por meio de um levantamento da própria entidade em todos os estados do Brasil, que identificou 700 iniciativas de políticas e programas municipais que contribuem para o desenvolvimento assunto.
Entre os temas reivindicados pela ANA, estão a inclusão produtiva com segurança sanitária; melhoria das infraestruturas e serviços públicos nas áreas rurais; garantia de reforma agrária e direitos territoriais de povos indígenas e comunidades tradicionais; criação de políticas de apoio à construção de infraestruturas para captação e armazenamento de água da chuva, além de ações comunitárias de compostagem de resíduos orgânicos.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.