Em RR, indígenas têm casas demolidas durante reintegração de posse
01 de dezembro de 2021
Indígenas reclamaram, mas não conseguiram impedir a destruição das construções na localidade. (Foto: Reprodução de trecho de vídeo)
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Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – Famílias indígenas que residem na comunidade de Pium, localizada na região Tabaio, município de Alto Alegre em Roraima (a 87 quilômetros de Boa Vista), tiveram casas demolidas durante uma reintegração de posse a fazendeiros de São Paulo, segundo informações do Conselho Indígena de Roraima. A ação ocorreu nessa quarta-feira, 1ª de dezembro e foi registrada por indígenas, moradores da comunidade.
Nas imagens, é possível notar que durante a operação de reintegração realizada pela Polícia Militar, Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e Polícia Civil, foram disparados tiros de balas de borracha e usadas bombas de gás lacrimogêneo contra os indígenas da comunidade. O vídeo mostra o momento que a polícia avança em direção à moradia dos indígenas enquanto eles pedem para não atirarem. “Meu Deus, uns animais, não atira não”, pede um morador.
Em outro momento, os policiais usam uma retroescavadeira para destruir a casa de uma idosa que se recusa a assinar um documento de notificação. “Eu sou dona dessa casinha aí (…) não vou assinar nada, não sei escrever”, diz a indígena ao assistir a pequena casa de palha e madeira ir abaixo.
Assista a alguns momentos da ação de reintegração de posse com a indígena idosa protestando pela ação dos policiais:
Posicionamento
Segundo informações do Governo de Roraima, o mandado judicial proferido pela juíza Sissi Marlene Dietrich Schwantes, da Vara Cível Única de Alto Alegre, foi concluído e não houve feridos durante a ação. O governo ainda afirma que tentou cumprir a ordem da forma mais pacífica possível, porém encontrou resistência por parte dos indígenas. Segundo relatos de moradores do local pelo menos duas pessoas ficaram feridas durante a ação.
De acordo com lideranças da região, as ameaças aos moradores acontecem desde abril deste ano. Eles destacam que área a qual os fazendeiros de soja dizem ser proprietários, sempre foi de uso tradicional dos povos indígenas da comunidade. E, inclusive, apontam as atividades de subsistência mantidas ali pelas famílias há mais de 30 anos.
Sobre o ocorrido nesta quarta-feira, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) assegurou que está apurando a situação e deve atualizar as informações, em breve. Na rede social, o Conselho se manifestou por meio do seguinte post:
“As lideranças da Comunidade Indígena Pium, região Tabaio, que fica no município de Alto Alegre, relataram a violência e truculência por parte da Polícia Militar de Roraima durante o cumprimento de um mandado judicial expedido pela juíza da comarca de Alto Alegre ocorrido na manhã de hoje, dia 01 de dezembro de 2021.
Os moradores relataram que a Polícia Militar, o BOPE e a Polícia Civil chegaram às seis horas da manhã, acompanhados de pessoas estranhas e logo pediram que eles saíssem de suas casas. As famílias estavam fazendo café e cuidando dos serviços de casa antes de sair para trabalhar. Ao tentarem dialogar, os policiais militares revidaram jogando bombas contra as mulheres, crianças e jovens. Dois jovens ficaram feridos com balas de borracha, mesmo não havendo resistência por parte dos indígenas”, informou a postagem.
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