Estrela Eta Carinae vai atingir seu maior brilho aparente em 2032, diz estudo


05 de outubro de 2023
Estrela Eta Carinae vai atingir seu maior brilho aparente em 2032, diz estudo
Eta Carinae já foi a segunda estrela mais brilhante do céu (Divulgação)
Da Revista Cenarium Amazônia*

SÃO PAULO (SP) – A estrela mais luminosa da Via Láctea, Eta Carinae, poderá ser vista com clareza a partir do ano de 2032, após a dissipação total do glóbulo de poeira que dificulta a visualização do sistema duplo central a olho nu. É o que indica o estudo liderado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), publicado no The Astrophysical Journal.

O estudo mostra, ainda, que a estrela se estabilizou em cerca de 50 anos após a grande erupção de 1840, teve suas camadas internas acomodadas nesse tempo e não em uma escala de tempo de centenas e milhares de anos, como previsto pela teoria atual de Estrutura Estelar.  

Essas descobertas compõem estudo liderado por pesquisadores do IAG/USP, publicado no mês de setembro pela revista científica The Astrophysical Journal. Internacional e multicêntrico, reunindo 27 autores. O estudo é liderado pelo astrônomo e astrofísico Augusto Damineli Neto, professor titular do Departamento de Astronomia do IAG/USP. O estudo, na íntegra, está disponível em https://iopscience.iop.org/article/10.3847/1538-4357/ace596/pdf.

Megera domada

A Eta Carinae adquiriu a reputação de estrela imprevisível na década de 1840, quando se tornou a segunda estrela mais brilhante do céu. Era tida como uma estrela sozinha e instável, que ainda estava se recuperando da Grande Erupção e que levaria muitos séculos para voltar ao normal. A primeira revolução, feita anteriormente por outros autores, foi a demonstração de que explodiu como uma verdadeira supernova, apesar de ter sobrevivido à explosão, possivelmente pela fusão de duas estrelas de um sistema triplo. Parte da intrincada variabilidade espectroscópica e fotométrica se explicaram pela descoberta de que ela é um sistema duplo com alta excentricidade.

Na Grande Erupção, ao invés de morrer como uma supernova, como seria esperado, houve uma emissão brutal de energia que causou uma explosão que levou a Eta Carinae a ejetar uma camada de poeira que a escondeu, deixando-a invisível. Em meados de 1900, ela começou a aumentar de brilho novamente, dando a ela uma fama de estrela problemática. “Se imaginava que poderia haver uma grande explosão novamente, com uma ideia fantasiosa que poderia causar não apenas a morte desta estrela, como também a nossa morte. Porém, não estamos diante da Estrela da Morte, como ela chegou a ser apelidada”, explica Damineli Neto, autor do estudo, astrônomo e astrofísico, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo – USP.

Modelo de cálculo

Com a proposta de mensurar se a estrela Eta Carinae estaria evoluindo intrinsecamente, ou seja, perdendo cada vez menos matéria pelo vento, o grupo liderado por Damineli fez uma simulação utilizando o código CMFGEN e mostrou que isso não ocorre. “Ele mostra que uma estrela evoluindo sozinha, não produziria tudo o que se observa. Embora uma pequena parte das observações poderia ser explicada por uma redução da taxa de perda de matéria, esta é uma explicação que falha completamente em um monte de aspectos”, afirma o autor.

A estrela é um pouco menor que a órbita de Mercúrio. O glóbulo de poeira é cerca de cinco a seis vezes maior que a estrela e, com isso, cobre a parte central da estrela. “Esse glóbulo cobre só a parte interna, mas não a externa do vento estelar. Conseguimos calcular o vento sem estar totalmente encoberto pelo glóbulo de poeira. Foi então possível, de forma inédita, mostrar que todas as variações ao longo prazo observadas não correspondem a uma evolução da estrela, mas a uma evolução desse glóbulo de poeira, que está se dissipando e ficando cada vez mais transparente. Então, vemos como se a estrela estivesse aumentando em brilho, mas não é verdade. É o glóbulo se tornando transparente”, finaliza.

Sobre o IAG/USP

O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo é um dos principais polos de pesquisa do Brasil nas áreas de Ciências Exatas e da Terra. A missão é contribuir para o desenvolvimento do país, promovendo o ensino, a pesquisa e a difusão de conhecimentos sobre as ciências da Terra e do Universo e aspirando reconhecimento e liderança pela qualidade dos profissionais formados e pelo impacto da atuação científica e acadêmica.

Na graduação, o IAG recebe em seus três cursos 80 novos alunos todos os anos. Já são mais de 700 profissionais formados pelo IAG, entre geofísicos, meteorologistas e astrônomos. Os quatro programas de pós-graduação do IAG já formaram mais de 870 mestres e 450 doutores desde a década de 1970. O corpo docente também tem posição de destaque em grandes colaborações científicas nacionais e internacionais.

(*) Com informações da assessoria

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