Estudo constata infecção simultânea por duas linhagens do novo coronavírus


29 de janeiro de 2021
Estudo constata infecção simultânea por duas linhagens do novo coronavírus
Profissional segura tubo com resultado positivo de paciente com novo coronavírus (Divulgação)

Marcela Leiro – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um estudo feito com pacientes do Rio Grande do Sul constatou que uma pessoa pode ser infectada ao mesmo tempo por diferentes linhagens do novo coronavírus, que causa a Covid-19. A pesquisa foi feita pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Ministério de Ciência e Tecnologia, pela Universidade Feevale e pela Rede Vírus.

A constatação foi feita ao analisar amostras de 92 pacientes do Rio Grande do Sul. Pelo menos duas pessoas registraram a chamada coinfecção, ou seja, a infecção simultânea por linhagens diferentes do novo coronavírus. Segundo os pesquisadores, a coinfecção com a variante E484K não havia sido descrita até o momento.

Ainda de acordo com os pesquisadores, a coinfecção é preocupante porque mistura genomas de diferentes linhagens, permitindo recombinações que resultam na evolução do vírus. Apesar disso, os dois pacientes tiveram apenas quadro leve e moderado e estão se recuperando sem necessidade de hospitalização.

Para o médico infectologista Nelson Barbosa da Silva, que atua na área há 22 anos, existe a possibilidade de os sintomas da coinfecção serem mais graves no paciente. “O paciente vai estar sendo submetido a dois agentes infecciosos e em pouco tempo essa pessoa pode evoluir para o óbito se não for atendida prontamente e se não forem tomadas as medidas terapêuticas precoces”, afirmou o médico que atua no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto e Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).

No estudo também foi constatada a circulação de cinco linhagens diferentes do vírus no estado, entre eles uma nova, inicialmente denominada de VUI-NP13L. Neste momento, pesquisadores estão estudando essa nova linhagem, o que inclui o isolamento viral e a investigação sobre neutralização ou anticorpos presentes em pacientes infectados e recuperados.

Coinfecção no Amazonas

De acordo com o infectologista, no Amazonas já foram identificados casos de pacientes infectados com dois tipos de vírus diferentes. “Nós já tivemos pacientes que estavam com coronavírus e também com malária, com coronavírus e com dengue e até mesmo o coronavírus com H1N1, todas as infecções detectadas via sorologia”, afirmou Nelson Barbosa.

Para Barbosa, as medidas de prevenção a qualquer vírus continuam as mesmas. “Distanciamento e isolamento social, uso de máscaras, lavagem das mãos com água e sabão, ou álcool 70%, o isolamento da pessoa doente e diagnóstico precoce. Mesmo depois da chegada da vacina temos que ter esses cuidados, pois a previsão é que vamos ter casos até pelo menos dezembro de 2021”, relembrou.

Segundo nota divulgada pelo LNCC, o estudo gera preocupações devido à possibilidade de dispersão dessa linhagem para outros estados e países vizinhos.

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.