Expulsão de Coronel Menezes expõe racha no bolsonarismo do Amazonas
24 de agosto de 2023

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS – A briga interna no Diretório Municipal do Partido Liberal (PL) em Manaus ganhou um novo episódio nesta semana. Isso porque a Comissão Executiva Municipal do partido decidiu expulsar Alfredo Menezes da legenda, a pedido do deputado federal Alberto Neto. O conflito entre esses dois expoentes do PL no Amazonas expõe uma racha no bolsonarismo, considerando que ambos integravam a base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Estado.
A expulsão consta em ofício enviado ao presidente do PL Nacional, Valdemar Costa Neto, na terça-feira, 22, e cumpriu os termos do parecer do Conselho de Ética e Disciplina do partido municipal. Menezes, que é militar da reserva e ex-chefe da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), foi alvo de denúncia na Comissão de Ética após chamar Alberto Neto de “Judas”.

Nas eleições de 2022, Alberto Neto concorreu à reeleição para a Câmara dos Deputados enquanto Menezes foi candidato ao Senado. O primeiro foi eleito, já o segundo foi derrotado, nas urnas, pelo senador Omar Aziz (PSD). Ambos participaram ativamente da campanha de Jair Bolsonaro pela reeleição à Presidência da República, que não obteve sucesso. Nos bastidores da política amazonense, muito se fala em uma possível candidatura dos dois à Prefeitura de Manaus.

À REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, Alberto Neto negou haver uma racha na base de Bolsonaro e afirmou que é necessário pensar “no todo”, e não em interesses individuais, se referindo ao motivo pelo qual Menezes o chamou de traidor. Ele disse, ainda, que o partido vai “unir cada vez mais a direita no Amazonas”.
“Não tem racha em relação à base do Bolsonaro, sou declaradamente oposição [ao Governo Lula], sou da base do presidente Bolsonaro, do partido do presidente Bolsonaro, e presidente municipal. O que aconteceu foi ataques a minha pessoa, de maneira inconsequente, e ferindo o estatuto do nosso partido“, disse. “Então, mais do que pensar em interesses individuais, a gente tem que pensar no todo, na base da direita, na base do presidente Bolsonaro, e não só nas nossas vontades“.
Pelas redes sociais, Alfredo Menezes afirmou que a decisão já era esperada e não causou surpresa. Ele disse, ainda, que a expulsão foi permeada por vontade pessoal de Alberto Neto e que vai recorrer da decisão. “Vamos agora buscar as instâncias superiores do partido para reverter uma decisão esdrúxula, absurda, descontextualizada e permeada por uma vontade pessoal do parlamentar“, declarou.

Voto pela Reforma Tributária
O ex-militar assumia a cadeira de vice-presidente do PL em Manaus, ao lado de Alberto Neto, que ocupava a presidência do PL na cidade. A crítica de Menezes ocorreu na época da votação da Reforma Tributária, quando Alberto contrariou o voto da bancada amazonense no projeto que garante as vantagens competitivas do modelo amazonense.
“Em nenhum momento elogiei Omar e contrariei Bolsonaro, mas [elogiei] a articulação do governador Wilson Lima junto a bancada. Já o nosso amigo [Alberto Neto] não só traiu a bancada, mas também o Governo, o Amazonas e os colegas. A bancada estava unida e depois apareceu o ‘Judas’”, disparou Menezes à época.
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