Fábio Assunção diz estar encantado com seu retorno à universidade: ‘Não tem idade para aprender’

Ator cursa 1° período de Ciências Sociais na PUC-SP, onde os colegas procuram evitar a tietagem (Reprodução/Estevam Avellar)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO (SP) – Trinta e dois anos depois de ter abandonado a sala da universidade de Comunicação Social, Fábio Assunção, 51, está de volta ao ambiente acadêmico, agora, para estudar Ciências Sociais. O ator é um dos novos alunos da PUC de São Paulo no curso para o qual foi aprovado no vestibular da Pontifícia Universidade Católica, enquanto gravava a novela “Todas as Flores”, atualmente, em cartaz no GloboPlay.

Na quinta-feira, 4, duas semanas após ter contatado o ator para ouvi-lo sobre a experiência de retomar a condição de estudante, a coluna conseguiu, enfim, conversar com Fábio, ao telefone, sobre a nova rotina de estudos: “Estou encantado”, diz.

“Tô adorando. O conhecimento é sempre bem-vindo. A gente está sempre lendo texto de referências sobre vários assuntos, artigos, livros. Eu tenho o hábito da leitura e a vontade de estar sempre buscando ter mais propriedade para cuidar das coisas, para ter uma disciplina e organizar ideias”, fala.

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“Sempre tive vontade de estudar Ciências Sociais para entender a sociedade de uma forma científica, e isso veio num momento de muitos achismos, sobretudo agora em que a gente, cidadão, é mais cobrado, mais solicitado a se posicionar, e para fatores humanos como a desigualdade, mas com algum tipo de princípio conceitual.”

O ator Fábio Assunção em um SPA (@fabioassunção/Instagram)

Assunção conta que terminou o Ensino Médio ainda aos 17 anos e, logo, entrou no curso de Comunicação Social na Fiam, também em São Paulo, mas aos 19, antes mesmo de se definir entre Jornalismo e Publicidade, se rendeu a uma rotina ditada já pelo teatro e a TV e largou a faculdade.

Agora, não tem pressa de concluir o curso. Sabe que a rotina de estudante pode ser atropelada a qualquer momento por uma agenda que a essa altura prevê, até o fim de 2024, duas peças de teatro, um filme e mais uma novela. Ainda guarda silêncio sobre os títulos a seguir, à espera de confirmações e do aval para divulgar o que vem pela frente.

“A gente transita por toda uma literatura foda, passa por Levis Strauss, Foucault e todo um conhecimento adquirido que a gente vai trazendo para o cotidiano. Passo a ter outras bases para entendimento dos processos antropológicos.”

Os alunos tentam fingir naturalidade quanto a sua presença na PUC, mas circulam em grupos de WhatsApp informações sobre sua passagem pelo campus, por meio de mensagens como: “Fábio Assunção na lanchonete agora”, “Fábio Assunção na biblioteca” e, de repente, olhares curiosos seguem as pistas para ver de perto o ator da Globo, alvo de cobiça de produtores, diretores e dramaturgos para estrelar produções, e também de mulheres dispostas a alimentar romances.

“Ali eu sou estudante do primeiro período, naturalmente, tem algumas interferências, mas é tranquilo”, diz o aluno, pai de três filhos e casado com a advogada Ana Verena. “E é uma faculdade que tem todo um histórico de muita luta e consciência social também”, conclui. Nem por isso ele está livre de ser solicitado para uma selfie aqui, outra ali.

A atmosfera do entorno do campus, no bairro de Perdizes, não é tão desconhecida por ele, que já pisou nos palcos do Tuca e do Tucarena, ambos da própria PUC, algumas vezes na vida para atuar e dirigir, sob aplausos.

Também alimenta planos de teatro com o filho mais velho, João Borgonovi, que cursa agora o terceiro ano de Relações Internacionais na ESPM.

Não há diferença de idade que paute as relações entre colegas, a maioria mais jovens, e mesmo professores mais experientes, alguns com mais de 35 anos de ofício.

“Nem o fato de eu ser ator, de eu ser pai, nos distancia. A gente tem uma turma muito inclusiva, pessoas por cotas, turma muito diversificada, maravilhosa, estou encantado, adorando, realmente é um privilégio ter essa oportunidade. E não tem idade para aprender.”

Leia também: ‘A gente quer deixar a faculdade com a nossa cara também’, diz oradora e 3ª pessoa negra a presidir o centro acadêmico do Direito da USP
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