Falta de chip gera problema para montadoras de automóveis que terão que descartar carros

Montadoras seguem enfrentando a escassez de semicondutores (Pedro Danthas/Volkswagen)
Com informações do Estadão

SÃO PAULO – A falta de semicondutores importados da Ásia, que tem levado montadoras a suspenderem a produção e dispensar trabalhadores, temporariamente, está provocando mais um problema para a indústria automobilística.

Com a entrada em vigor, a partir de 1º de janeiro, da nova norma de emissões de poluentes do Proconve, chamada de L7, há risco de milhares de carros que estão incompletos nos pátios não receberem a tempo os itens eletrônicos importados da Ásia e terem de ser descartados.

A nova norma estabelece que os carros que atendem à legislação atual sejam produzidos até dezembro e vendidos até março do próximo ano. Se os chips não chegarem a tempo e o final da montagem ficar para janeiro, por exemplo, esses modelos não poderão ser comercializados, causando prejuízos às fabricantes.

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Algumas montadoras, como a Renault, já encaminharam ao governo pedido para que seja aberta uma brecha na legislação para que os carros que virarem o ano incompletos, nos pátios, possam ser concluídos em até três meses.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) vem alertando o governo sobre esse problema, há alguns meses, mas informa que a busca de uma solução junto aos órgãos competentes do governo está a cargo das próprias empresas, pois, cada uma tem situações diferentes.

A entidade não tem dados do total de carros incompletos, atualmente, e nem estimativa de prejuízos, mas as próprias montadoras falam em “milhares” de carros parados.

A General Motors, que teve uma de suas fábricas paralisada por quase cinco meses por falta de semicondutores, informa que não terá qualquer problema em atender a L7, a partir de janeiro.

A Volkswagen, que tem 1,5 mil funcionários da fábrica do ABC paulista em lay-off, em razão da escassez de chips, informa que espera receber os componentes a tempo de completar os carros que estão parados no pátio, até o fim do ano.

Outras marcas, como Honda, Nissan e Caoa/Chery afirmam que a Anfavea é que deve se pronunciar sobre o tema, enquanto a Hyundai não quis comentar. A Toyota e a Stellantis (dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën) afirmam que vão cumprir as novas regras.

Segurança

A Anfavea já obteve do governo a prorrogação do prazo para a introdução, em todos os carros produzidos no País, de itens de segurança, como o controle eletrônico de estabilidade (ESC), que ajuda a evitar derrapagem dos veículos.

A norma entraria em vigor em 2022, mas, em razão da pandemia, as fabricantes alegaram que não tinham tempo suficiente para desenvolver novas tecnologias para agregar esse sistema aos automóveis.

O governo aceitou a extensão do prazo para até 2024. Tanto as novas normas de emissões e, principalmente, a de segurança vão levar as empresas a pararem de produzir vários modelos que não atendem as normas, como Uno e Gol. 

Descompasso

  • Menos poluentes

A norma atual prevê que cada automóvel pode emitir até 1,3 miligrama de monóxido de carbono, na atmosfera, por quilômetro rodado. Na L7, o limite deve ser reduzido em 23%.

  • Chance

A Renault está solicitando que os carros que não saíram da fábrica, em 2021, por falta de semicondutores possam ser completados até os três primeiros meses de 2022 e vendidos no período previsto na norma.

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