Familiar de estudante da Ufam morto em ação policial defende câmera nos uniformes da PM

Marco Aurélio Winholt era estudante de Relações Públicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) (Reprodução/Redes Sociais)
Jefferson Ramos – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – O irmão de Marco Aurélio Winholt Castro, 20, estudante da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) morto “por engano” em uma ação da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), na Comunidade Raio do Sol, na Zona Norte de Manaus, declarou à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA que uso de câmeras corporais nos uniformes policiais poderia ter evitado a morte do jovem e agilizado a investigação da autoria do disparo, bem como a responsabilização.

“Poderia ter evitado a morte dele e de muita gente. Não só dele. Faria muita diferença até mesmo para comprovar o que aconteceu. Temos fotos e gravação, mas acredito que ninguém gravou ele baleado e sendo jogado. Se o policial tivesse essas câmeras dava para a gente ver claramente e seriam responsabilizados muito mais cedo”, avaliou Hugo Antônio, 23, irmão da vítima.

Marco Aurélio Winholt durante apresentação de trabalho acadêmico na Ufam (Reprodução/Redes Sociais)

Antônio contou que Winholt foi levado pelos policiais até o Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, na Zona Leste da capital amazonense. Ele explicou que nenhum policial chegou a coagir amigos ou a família e que o estudante universitário foi entregue para a equipe médica pelos policiais, que o classificaram como “infrator”.

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“Os policiais que fizeram isso com ele não ficaram no hospital. Só disseram que ele era um infrator e a equipe médica tentou lidar com ele, que veio a falecer como se fosse um bandido”, declarou. A família procura advogados para pedir indenização do Estado. “Esses policiais são conhecidos na região por esses métodos. Meu irmão não é a primeira vítima deles, mas espero que seja a última”, concluiu.

Letalidade

Estados como São Paulo e Santa Catarina já equiparam a polícia com câmeras corporais. Por exemplo, em São Paulo, a letalidade provocada por policiais em serviço caiu 62,7% no Estado, passando de 697 mortes, em 2019, para 260 em 2022, segundo a Unicef

No Amazonas, por enquanto, o Estado ainda não sinalizou vontade de implementar o equipamento nas forças policiais. O ex-comandante da PM-AM, Marcus Vinicius, atual secretário de Segurança Pública, afirmou a um jornal local, em maio do ano passado, que o emprego das câmeras pode gerar o receio do policial em agir.

“Em alguns momentos, o equipamento pode ser benéfico ao policial como prova da sua ação idônea, que é a grande parte da nossa tropa, mas ele pode, por outro lado, também constranger a atividade policial levando com que ele tenha uma eficiência menor. Medo de errar. A intenção é acertar, mas o medo de errar pode levar a uma ineficiência no policiamento”, avaliou à época.

Dados

Nos últimos dois anos, 200 pessoas morreram em decorrência de intervenção policial no Amazonas. Em 2022, foram 99 pessoas. Comparado com 2021, cujo número de mortes foi de 101, houve uma inexpressiva queda de 2,9% dos óbitos por intervenção policial no Estado.

Conforme os dados do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano, o maior número de mortes foi cometido pela PM-AM. Nos dois anos considerados pelo levantamento, foram 189 mortes por intervenção da PM.

Câmera corporal da Polícia Militar (Reprodução/Folhapress)

Em 2021, 96 pessoas morreram por intervenção da PM amazonense, ante 93 mortes no ano passado. Nos dois últimos anos, intervenções da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) resultaram em nove mortes.

No Brasil, 12.922 pessoas foram mortas em intervenções policiais. Em 2021, foram 6.493 mortes, contra 6.429 registradas no ano passado. Segundo o anuário, uma queda ligeira de 1,5% nacionalmente.

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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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