Fazendeiro é multado em R$ 2,8 bilhões por desmatar Pantanal com agrotóxico

Agente da Dema durante operação (Divulgação)
Davi Vittorazzi — Da Revista Cenarium

CUIABÁ (MT) — Um fazendeiro identificado como Claudecy Oliveira Lemes, proprietário de 11 propriedades no Pantanal, foi multado em mais de R$ 2,8 bilhões por desmatar uma área de mais de 80 mil hectares do Pantanal mato-grossense usando agrotóxicos. O valor é o maior já aplicado pela Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT).

O cumprimento de mandados e o sequestro de bens foram realizados durante a segunda fase da “Operação Cordilheira”, deflagrada pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) da Polícia Civil. A operação também contou com o apoio do Ministério Público Estadual (MPE), da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea-MT).

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Veja a área desmatada:

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O infrator possuía 11 propriedades no Pantanal e a investigação começou em 2022, quando foi registrada uma denúncia de que uma propriedade rural, localizada em Barão de Melgaço (a 109 quilômetros de distância de Cuiabá), estava utilizando agrotóxicos na região do Pantanal para realizar o chamado desmate químico.

Os produtos químicos eram aplicados com aviões e, como resultado, mataram diversas espécies de plantas arbóreas. Foram utilizados 25 tipos de agrotóxicos em áreas de vegetação nativa, promovendo o desmatamento ilegal nas propriedades rurais.

Os investigadores solicitaram a prisão preventiva do produtor, mas o pedido foi negado pela Justiça Estadual. O Ministério Público Estadual (MPE) informou nesta segunda-feira, dia 15, que recorreu da decisão.

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Desmate químico ocorreu em 11 propriedades (Reprodução/Dema-MT)

Segundo os investigadores, devido à aplicação ter sido feita por via aérea, a situação é agravada, pois o Pantanal é uma área alagada, o que possibilita que as substâncias tóxicas se espalhem pelas águas e atinjam a fauna, a ictiofauna e até os humanos.

Área comprometida

Os 81.223,7532 hectares dos imóveis rurais de propriedade do investigado, que sofreram desmatamento químico e estão localizados no Pantanal, estão comprometidos, segundo os peritos. O local desmatado foi usado para plantar capim, visando alimentar o gado.

Segundo a investigação da Dema e Sema, foram coletadas informações fiscais, financeiras, georreferenciadas e de campo, bem como mapeamentos dos imóveis rurais onde houve o dano ambiental. Foi constatado que no período de 1º de fevereiro de 2021 a 8 de fevereiro de 2022, foram adquiridos agrotóxicos de várias distribuidoras, totalizando mais de R$ 9,5 milhões em insumos.

Durante as fiscalizações, os investigadores encontraram diversas embalagens de substâncias tóxicas. As amostras coletadas na vegetação e nos sedimentos detectaram a presença de quatro herbicidas: imazamox, picloram, fluroxipir e 2,4-D.

O fazendeiro recebeu nove termos de embargo e interdição em suas 11 propriedades. A Sema estima que o custo da reparação dos danos ambientais, somado ao valor das multas cominadas pelo órgão ambiental, resulte no pagamento de R$ 5,2 bilhões pelo fazendeiro. Ele ainda será ouvido pela Polícia Civil nesta terça-feira, 16.

Editado por Marcela Leiros
Revisado por Gustavo Gilona
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