Felippe Valadão: PC-RJ indicia pastor que chamou umbandistas de ‘endemoniados’
17 de abril de 2024
O pastor evangélico Felippe Valadão (Composição de Paulo Dutra/Revista Cenarium)
Da Revista Cenarium*
RIO DE JANEIRO (RJ) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PC-RJ) indiciou por intolerância religiosa o pastor Felippe Valadão, líder da igreja Lagoinha Niterói. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) encaminhou o caso para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) na terça-feira, 16.
Procurado pela reportagem, Valadão respondeu por mensagem que não comentaria o indiciamento.
O inquérito foi aberto após falas de Valadão durante um evento em maio de 2022, no município de Itaboraí (RJ), a cerca de 58 quilômetros do Rio de Janeiro.
Durante apresentações de comemoração pelo aniversário de 189 anos da cidade, Valadão afirmou, no palco, que a população local deveria se preparar “para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade”.
“Avisa aí para esses endemoniados de Itaboraí: o tempo da bagunça espiritual acabou, meu filho. A igreja está na rua! A igreja está de pé!”, declarou. Em seguida, ele disse: “Pode matar galinha, pode fazer farofa, pode fazer o que você quiser. Vem um tempo aí. Deus vai começar a salvar esses pais de santo que têm aqui na cidade. Chegou o tempo, Itaboraí”.
Felippe Valadão e a esposa dele, Mariana Valadão, inauguraram a igreja Lagoinha Itaboraí nove meses depois do discurso.
Mariana Valadão é filha do pastor Márcio Valadão, que durante anos foi líder da igreja batista Lagoinha, baseada em Minas Gerais. A Lagoinha Niterói, liderada por Mariana e Felippe, tem dez igrejas espalhadas pelo estado e milhões de seguidores nas redes sociais.
Ainda em 2022, o Ministério Público do Rio de Janeiro ajuizou ação civil pública para condenar o pastor ao pagamento de indenização no valor de R$ 300 mil por danos morais coletivos.
Mariana e Felippe Valadão (Reprodução/Redes Sociais)
“A liberdade de expressão não se confunde com liberdade de agressão a direitos fundamentais, entre eles a liberdade religiosa”, escreveu o promotor Tiago Gonçalves Veras Gomes na ação.
Na época, Valadão publicou nas redes sociais um posicionamento sobre o caso. Os advogados de defesa do pastor afirmavam que “não resta a menor dúvida que o breve discurso do pastor foi mal compreendido ou está sendo deliberadamente deturpado”.
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