MPF e MP de Minas Gerais vão investigar André Valadão por ele sugerir que ‘Deus mataria gays’

O pastor André Valadão (Reprodução/Internet)
Pricila de Assis – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) atenderam nessa segunda-feira, 3, a uma representação feita pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, para investigar o pastor André Valadão por crime de homotransfobia (termo utilizado para as violências cometidas contra LGBTQIAPN+). Valadão proferiu falas agressivas contra pessoas da comunidade durante um culto chamado ‘Deus Odeia o Orgulho’.

André Valadão, em sua pregação na Igreja Batista Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos, fez diversos comentários que estimulam preconceito nos fiéis da congregação. “Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: Pode parar, reseta! Mas Deus fala que não pode mais. Ele diz: ‘Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas prometi que não posso’. Agora está com vocês”, disse.

Ainda em uma das falas do pastor, durante uma live do culto, mencionava supostos atos criminosos. “Não entendeu o que eu disse? Agora, tá com vocês! Deus deixou o trabalho sujo para nós”, declara.

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No documento, a parlamentar federal Erika Hilton menciona preocupação sobre a polarização da violência contra as pessoas LGBTQIAPN+. “É importante dizer que a fala feita pelo representado (Valadão), independentemente do contexto em que foi dita, apresenta um perigo de absoluta preocupação, sobretudo, no contexto em que o Brasil figura no topo da lista de países que mais matam e violentam pessoas LGBTQIAPN+ em todo o mundo”, observa.

A deputada federal Erika Hilton (Reprodução/Internet)

A REVISTA CENARIUM entrevistou o coordenador Central de Movimentos Populares em Manaus, Rodrigo Furtado, que também é ativista político LGBT, que lembra que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia. “A decisão foi muito simbólica, porque foi tomada no mês de junho, que é o mês que celebra o orgulho LGBTQIAPN+. Portanto, no Brasil existe uma legislação específica que criminaliza e combate práticas de homofobia, seja ela praticada de forma virtual ou verbal, como é o caso do pastor André Valadão”, esclarece.

O ativista também entrará com uma representação no MPF para que incorpore e colabore com as representações políticas de outros políticos. “Aqui em Manaus, no Amazonas, vamos também tomar essa iniciativa, pois é importante cobrar responsabilidade para não sermos coagidos, pois agredir verbalmente e fisicamente um cidadão é permitido e romantizado”, argumenta.

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-AM, Caupolican Padilha, o pastor cometeu homofobia, que é um crime imprescritível e inafiançável no Brasil desde 2019. “A verbalização discriminatória é equiparada ao racismo. Esse tipo de fala incentiva essas mortes. Então, você tem aí não só possíveis ações de indenização, mas ações por danos morais também”, explica.

Nas redes sociais, em grande peso, foram compartilhados vídeos de André Valadão. Pessoas indignadas com as falas do pastor: “Às vezes, acho que ele está forçando a barra para ser preso ou processado”, opinou uma internauta.

Leia também: No Brasil, indígena do Maranhão foi o 1º assassinado por LGBTfobia
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