MPF vai investigar atuação de Michelle Bolsonaro junto à Caixa para favorecer amigos

A primeira-dama Michelle Bolsonaro (Isac Nobrega / Divulgação)

Com informações do InfoGlobo

BRASÍLIA —  A primeira-dama Michelle Bolsonaro teria agido para favorecer empresas de amigos em pedidos de financiamento da Caixa Econômica Federal  no primeiro semestre do ano passado,  no auge da pandemia de Covid-19. A informação foi revelada, nesta sexta-feira, 1º, pela  revista Crusoé, que obteve documentos e e-mails  com uma lista de indicados. A Procuradoria da República do Distrito Federal vai investigar o caso.

A maioria das operações de empréstimo, segundo a revista,  se deu em uma agência de Taguatinga, cidade vizinha a Brasília, após o presidente da Caixa,  Pedro Guimarães, encaminhar as demandas da primeira-dama.

PUBLICIDADE

A investigação em relação à atuação de Michelle será realizada dentro de um inquérito que apura irregularidades na Caixa, como a  suposta pressão política sobre a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O inquérito é conduzido pelo procurador Anselmo Cordeiro Lopes.

Michelle e Bolsonaro em Nova York para a Assembleia da ONU 21/09/2021 Foto: POOL / REUTERS
Michelle e Bolsonaro, em Nova York, para a Assembleia da ONU 21/09/2021 Foto: POOL / REUTERS

A divulgação da notícia dos casos de fura-filas provocou reações políticas. O líder do Bloco da Minoria na Câmara,  deputado  Marcelo Freixo (PSB-RJ), informou que o bloco acionou o Ministério Público Federal para que a primeira-dama seja investigada por tráfico de influência. Também assinam o pedido o líder do PT,  Bohn Gass, o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB), Jôenia Wapichana (Rede), Wolney Queiroz (PDT)  e Talíria Petroni (PSOL).

ATENÇÃO! Acabo de acionar o MPF para que Michelle Bolsonaro seja investigada por tráfico de influência. A @RevistaCrusoe publicou reportagem mostrando que a primeira-dama interferiu na Caixa Econômica para que empresários bolsonaristas obtivessem empréstimos.— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) October 1, 2021

“A mamata não ia acabar? Reportagem da Crusoé revela que a primeira-dama Michelle Bolsonaro teria interferido na Caixa Econômica durante a pandemia para favorecer amigos e empresas bolsonaristas. Investigação já!”, publicou  Molon.

No Palácio do Planalto, em cerimônia alusiva ao Dia Internacional da Mulher 06/03/2020 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
No Palácio do Planalto, em cerimônia alusiva ao Dia Internacional da Mulher (Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)

A bancada do partido Novo na Câmara considerou “muito grave” as revelações e vai pedir explicações ao  Ministério da Economia. 

Para a ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB), “a mamata é a única instituição que segue funcionando” no atual governo.

De acordo com a revista, a própria Michelle  teria conversado com o presidente da Caixa  para liberação de  financiamentos. Na lista de contemplados tem floreira, confeiteira, cabeleireira e até um promoter. Também constam empresárias do ramo da moda que contam com a divulgação de suas marcas pela família do presidente.

Os assessores de Michelle teriam atuado como despachantes para facilitar a aprovação das empresas no programa. “A pedido da sra. Michelle Bolsonaro e conforme conversa telefônica entre ela e o presidente Pedro, encaminhamos os documentos dos microempresários de Brasília que têm buscado crédito a juros baixos”, dizia um e-mail enviado por uma assessora especial, datado de 20 de maio de 2020.

Ainda de acordo com a publicação, a operação foi detectada pelo sistema de controle do próprio banco e uma apuração interna foi aberta.

As mensagens do gabinete da primeira-dama não apontavam em qual operação de crédito os empresários estavam interessados, mas todos acabaram enquadrados no  Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte  (Pronampe). Chamou atenção dos auditores o “caminho dos processos- de cima para baixo”, uma lista que recebeu tratamento VIP.

Procurada, a Caixa informou que  a concessão de crédito para empresas no âmbito do Pronampe exige obrigatório enquadramento prévio pela Receita Federal e que submete as empresas a um rigoroso  processo de governança, compliance e análise de riscos. Segundo o banco, o rito de análise ocorre mediante processo “automatizado, independente e sem interação humana”. A Caixa não citou diretamente o caso de Michelle Bolsonaro  e nem  esclareceu a  liberação de crédito para as empresas indicadas pela primeira-dama.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.