Flávio Dino suspende lei do Amazonas que proibia linguagem neutra nas escolas


29 de maio de 2024
Flávio Dino suspende lei do Amazonas que proibia linguagem neutra nas escolas
Ministro Flávio Dino (Foto: Composição/Paulo Dutra/Cenarium)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA (DF) – O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira, 29, suspender a lei do Amazonas que proibia a utilização de linguagem neutra nas escolas públicas e privadas, além de repartições públicas.

Dino atendeu ao pedido de suspensão requerido pela Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (Abrafh). As entidades alegaram que a lei amazonense é inconstitucional por invadir a competência do Congresso Nacional para legislar sobre diretrizes e bases da educação.

Ao analisar a questão, o ministro deu razão aos peticionantes e entendeu que o Estado não pode legislar sobre a matéria. “Na ausência de legislação nacional acerca da linguagem neutra, estará maculada pelo vício da inconstitucionalidade formal qualquer legislação estadual, distrital ou municipal que autorize ou vede sua utilização, como é o caso da legislação analisada nestes autos”, afirmou.

Ministro Flávio Dino (Antonio Augusto/SCO/STF)

Flávio Dino também acrescentou que a língua portuguesa é “viva” e não é possível impor ou impedir mudanças sociais. “Não há dúvida de que a língua é viva, sempre aberta a novas possibilidades, em diversos espaços e tempos, por isso não se descarta, evidentemente, a possibilidade de utilização da linguagem neutra”, completou.

Em outra decisão, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu na semana passada a lei de Ibirité (MG) que proibiu o ensino de linguagem neutra nas escolas públicas e privadas do município. Moraes também entendeu que municípios não podem legislar sobre normas educacionais, conteúdos curriculares e metodologias de ensino. Para o ministro, somente o Congresso Nacional pode tratar da matéria.

Bandeira bolsonarista

Barrada pelo STF, a proibição de linguagem neutra virou “bandeira” da deputada do Amazonas de primeiro mandato, Débora Menezes (PL), que no dia de sua posse, 1° de fevereiro, declarou que não priorizará a pauta indígena no Parlamento do Estado com a maior população de povos originários do Brasil.

Débora apresentou o Projeto de Lei (PL) N° 99/2023 que proibia o uso de linguagem neutra ou dialeto não binário em grade curricular, material didático de escolas públicas, privadas e em documentos oficiais de repartições públicas no Amazonas. Hoje, as escolas não possuem diretrizes para usar o dialeto e o STF derrubou uma proposta similar promulgada em Rondônia, ao entender que a lei estadual feria o direito à liberdade de expressão, previsto na Constituição Brasileira.

Leia mais: ‘Todes’: linguagem neutra torna comunicação mais inclusiva, defende linguista
(*) Com informações da Agência Brasil

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