Funai encerra processo contra indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022, no Vale do Javari


27 de fevereiro de 2023
Funai encerra processo contra indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022, no Vale do Javari
O indigenista foi exonerado depois de coordenar uma operação que expulsou centenas de garimpeiros das Terras Indígenas (Reprodução/Internet)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

ATALAIA DO NORTE (AM) – A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, anunciou na manhã desta segunda-feira, 27, durante a reunião na sede da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), com lideranças do governo estadual e federal, o fim do processo contra o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira, assassinado junto com o jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari, em Atalaia do Norte, em junho de 2022.

Bruno era coordenador dos povos indígenas isolados e foi afastado, em 2019, pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O indigenista foi exonerado depois de coordenar uma operação que expulsou centenas de garimpeiros das Terras Indígenas.

Segundo a ministra Sônia, o processo foi responsável pela morte de Bruno, que mesmo afastado, continuou a trabalhar na Terra Indígena sem segurança. “Hoje, estamos aqui também para anunciar o fim do processo que levou à morte do nosso Bruno Pereira, perseguido pelo antigo governo”, afirma a ministra Sônia.

Atual presidente da Funai, Joenia Wapichana afirma que a presença do órgão na região vai garantir ações efetivas e diálogo entre o governo federal e os povos indígenas que habitam o Vale do Javari. “Nós vamos estar presente aqui nesses diálogos e nessas ações. Quero agradecer a Bia e a Alessandra (esposa de Bruno e Dom, respectivamente), isso aqui não é um ato simbólico, é de responsabilidade. É o mínimo.”, explica Wapichana.

Sobre o processo que a Funai movia contra o indigenista, a presidente destaca que já deveria ter sido arquivado pelo antigo gestor da fundação. “Quem deveria estar aqui era o ex-presidente da Funai, assinando o arquivamento (do processo contra o Bruno), mas a gente tá aqui pra assinar”, disse a presidente da Funai, durante a assembleia que também contou a presença de representantes dos Ministérios da Justiça e da Saúde.

Participaram ainda o secretário de Saúde Indígena (Sesai), Weibe Tapeba, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, o superintendente da Defensoria Pública da União (DPU), Renan Sotto, o superintendente da Polícia Federal (PF), Umberto Rodrigues, e a embaixadora do Reino Unido Stafany Alkak. Uma comitiva do Governo do Amazonas também esteve presente.

Retorno das investigações

A presidente da Funai, Joenia Wapichana, anunciou também que as investigações em torno da morte de Dom e Bruno foi arquivado, mas que vão reverter o arquivamento e continuar as investigações. Investigações da Polícia Federal apontaram que ambos foram mortos depois que flagraram os irmãos Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, e Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, fazendo pesca ilegal de pirarucu. O indigenista e o jornalista já eram desafetos dos irmãos e, segundo a PF, foram rendidos pela dupla, assassinados e tiveram os corpos esquartejados e incendiados.

Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos após receberem ameaças em campo na região do Vale do Javari, palco de conflitos e rota do tráfico de drogas, garimpo ilegal e exploração ilegal de madeira. Ambos realizavam uma expedição pelas proximidades.

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.