Funai encerra processo contra indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022, no Vale do Javari

O indigenista foi exonerado depois de coordenar uma operação que expulsou centenas de garimpeiros das Terras Indígenas (Reprodução/Internet)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

ATALAIA DO NORTE (AM) – A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, anunciou na manhã desta segunda-feira, 27, durante a reunião na sede da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), com lideranças do governo estadual e federal, o fim do processo contra o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira, assassinado junto com o jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari, em Atalaia do Norte, em junho de 2022.

Bruno era coordenador dos povos indígenas isolados e foi afastado, em 2019, pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). O indigenista foi exonerado depois de coordenar uma operação que expulsou centenas de garimpeiros das Terras Indígenas.

Segundo a ministra Sônia, o processo foi responsável pela morte de Bruno, que mesmo afastado, continuou a trabalhar na Terra Indígena sem segurança. “Hoje, estamos aqui também para anunciar o fim do processo que levou à morte do nosso Bruno Pereira, perseguido pelo antigo governo”, afirma a ministra Sônia.

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Atual presidente da Funai, Joenia Wapichana afirma que a presença do órgão na região vai garantir ações efetivas e diálogo entre o governo federal e os povos indígenas que habitam o Vale do Javari. “Nós vamos estar presente aqui nesses diálogos e nessas ações. Quero agradecer a Bia e a Alessandra (esposa de Bruno e Dom, respectivamente), isso aqui não é um ato simbólico, é de responsabilidade. É o mínimo.”, explica Wapichana.

Sobre o processo que a Funai movia contra o indigenista, a presidente destaca que já deveria ter sido arquivado pelo antigo gestor da fundação. “Quem deveria estar aqui era o ex-presidente da Funai, assinando o arquivamento (do processo contra o Bruno), mas a gente tá aqui pra assinar”, disse a presidente da Funai, durante a assembleia que também contou a presença de representantes dos Ministérios da Justiça e da Saúde.

Participaram ainda o secretário de Saúde Indígena (Sesai), Weibe Tapeba, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, o superintendente da Defensoria Pública da União (DPU), Renan Sotto, o superintendente da Polícia Federal (PF), Umberto Rodrigues, e a embaixadora do Reino Unido Stafany Alkak. Uma comitiva do Governo do Amazonas também esteve presente.

Retorno das investigações

A presidente da Funai, Joenia Wapichana, anunciou também que as investigações em torno da morte de Dom e Bruno foi arquivado, mas que vão reverter o arquivamento e continuar as investigações. Investigações da Polícia Federal apontaram que ambos foram mortos depois que flagraram os irmãos Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, e Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, fazendo pesca ilegal de pirarucu. O indigenista e o jornalista já eram desafetos dos irmãos e, segundo a PF, foram rendidos pela dupla, assassinados e tiveram os corpos esquartejados e incendiados.

Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos após receberem ameaças em campo na região do Vale do Javari, palco de conflitos e rota do tráfico de drogas, garimpo ilegal e exploração ilegal de madeira. Ambos realizavam uma expedição pelas proximidades.

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