Governo federal agiu de forma ‘criminosa’ sobre vacinação, diz médico sanitarista

Para o médico, houve um "abandono" da questão. (Valéria Gonçalvez/Estadão)

Com informações do UOL

SÃO PAULO – Gonzalo Vecina, médico sanitarista e um dos fundadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), chamou de “criminosa” a forma como o governo federal tratou a questão da vacinação contra a Covid-19. “O Ministério da Saúde não moveu uma palha”, afirmou ele em entrevista ao jornal Correio Braziliense.

“Nós temos essas duas vacinas, a de Oxford e a CoronaVac, por causa da Fiocruz e do Butantan. O Ministério da Saúde não moveu uma palha. Essa é uma questão que tem que ser repercutida. Chega a ser criminosa a forma como o Ministério da Saúde e o governo federal trataram a questão da vacinação”.

Gonzalo Vecina ao Correio Braziliense.

Para o médico, houve um “abandono” da questão. “Temos que cobrar da pasta sobre a forma como se comportou até agora; abandonou a população brasileira. Se não fosse a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan, por vontade própria terem ido atrás de vacina, não teríamos nenhuma. Estaríamos dependentes de migalhas de doses”.

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Declarações

As declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) colocando em dúvida a eficácia das vacinas também foram criticadas pelo sanitarista. “Quando se tem um líder falando isso para população, que vai virar jacaré, não dá para entender”, disse ele ao Correio.

Na opinião de Vecina, os fabricantes de vacina internacionais ainda não registraram seus produtos no Brasil porque não há garantia de que elas serão compradas.

“O governo não colocou o pedido formal. No momento em que o governo agir, a Pfizer entra com o pedido. A Janssen é a mesma coisa. Não se falou na compra das vacinas da Janssen. Não havendo compra, não vão fazer. Por outro lado, nenhuma das duas vai conseguir fazer uma oferta de venda para o Brasil em uma quantidade que seja satisfatória e que faça diferença para uma população de 210 milhões de pessoas”, disse o médico.

Recentemente, Bolsonaro afirmou que, diante do tamanho do mercado no Brasil, eram as fabricantes que deveriam procurar o país para vender suas vacinas, e não o contrário.

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