Grupo de trabalho cria estratégias para combater trabalho infantil no setor produtivo do AM


24 de novembro de 2020
Grupo de trabalho cria estratégias para combater trabalho infantil no setor produtivo do AM
Trabalho infantil ainda é um dos principais problemas sociais encontrados nas grandes cidades (Reprodução/ Internet)

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Governo do Amazonas anunciou nesta segunda-feira, 23, que se reuniu com representantes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), e do Ministério Público do Trabalho (MPT) para discutir estratégias de combate ao trabalho infantil na cadeia produtiva da castanha, no Amazonas.

De acordo com o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), disse que o governo vai participar diretamente das reuniões do grupo de trabalho e que é necessário políticas públicas para combater o trabalho infantil.

“O Governo do Estado vai participar diretamente de um grupo de trabalho formado pelo Ministério Público do Trabalho, OIT e vários outros parceiros da sociedade civil para discutirmos formas de mitigar esse problema e propor um plano estratégico que também possa ser aplicado em outras cadeias produtivas do Amazonas. Nosso compromisso é que as crianças estejam na escola”, disse o governador.

Instituições

O coordenador Regional da Coordinfancia, procurador-chefe do MPT, Jorsinei Dourado informou à REVISTA CENARIUM que não vai se manifestar por não ter conhecimento sobre a proposta, mas ressaltou que, qualquer política pública que seja voltada ao combate ao trabalho infantil, e que coloque as crianças e adolescentes num ambiente de prioridade integral e absoluta, de resgate da infância e da cidadania, o MPT certamente apoiará.

Setores críticos

O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) destacam pesquisas que apontam o trabalho infantil ainda na lavoura por parte de empresas processadoras de cacau para a produção de chocolate e indústrias do varejo, mantidas em sigilo.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/2017) de 2014, cerca de 8 mil crianças e adolescentes de 10 a 17 anos trabalham em plantações de cacau no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os números de trabalho infantil aumentaram 5% entre 2000 e 2010 nas regiões produtoras de cacau, apesar da tendência de queda de 13,4% no uso de mão de obra de crianças e adolescentes na soma geral das atividades econômicas brasileiras.

Perfil urbano

O trabalho nas ruas é majoritariamente exercido por meninos negros, como lembra Elisiane Santos, em sua dissertação de mestrado na Universidade de São Paulo intitulada “Trabalho infantil nas ruas, pobreza e discriminação: crianças invisíveis nos faróis da cidade de São Paulo”.

“No cenário urbano, em grandes cidades como a capital paulista, a população infantil nas ruas se intensifica, exercendo trabalhos informais em condições perigosas e precárias, nos faróis da cidade, principalmente no comércio ambulante e apresentações artísticas circenses, atingindo massivamente meninos negros, que estão invisíveis tanto nos dados do trabalho infantil quanto nas políticas sociais para o seu enfrentamento”, informa.

Eugenio Marques, que é fiscal do trabalho, da Secretaria de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia, lembra que entre os vários fatores que influenciam o trabalho infantil um dos mais determinantes é a pobreza e miséria. “Por isso, o alto índice de crianças negras”, afirma.

Marques ressalta que essas crianças e adolescentes trabalhadores fazem parte de “estatísticas invisíveis”, pois são vítimas do trabalho infantil doméstico e exploração sexual, no caso das meninas negras, além do trabalho de ambulante e o tráfico de drogas, no caso dos meninos negros. “Hoje, o trabalho infantil tem esse perfil muito urbano”, diz.

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