Igreja Anglicana da Inglaterra mantém veto a casamentos, mas estuda permitir bênção a casais homoafetivos

Abadia Anglicana de Westminster, frequentada pela monarquia do Reino Unido (Andrew Parsons/AP)
Da Revista Cenarium*

LONDRES – A Igreja Anglicana da Inglaterra anunciou nesta quarta-feira, 18, que irá manter a proibição ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Em vez disso, a principal instituição religiosa do Reino Unido aprovou uma proposta para permitir a realização de cerimônias com orações e bênção a casais LGBTQIAP+.

A proposta foi formalizada após seis anos de consultas feitas pela instituição sobre sexualidade e casamento. Desde 2013, o casamento civil homoafetivo é permitido na Inglaterra e no País de Gales.
O texto deverá ser debatido em um sínodo geral previsto para acontecer no mês que vem, em Londres.

Para esta semana, os bispos aprovaram a publicação de um pedido formal de desculpas às pessoas LGBTQIAP+, pelo histórico de “rejeição e exclusão”, dentro das igrejas, além dos impactos que os ambientes hostis, eventualmente, tiveram em suas vidas. Lideranças anglicanas devem pedir, ainda, que todas as congregações recebam casais do mesmo sexo “sem reservas e com alegria”.

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Arcebispo Justin Welby realiza cerimônia no funeral da rainha Elizabeth 2ª, em Londres (Ben Stansall/19.set.22/Pool/Reuters)

A igreja enfatizou que, se aprovado, o texto não irá mudar o ensinamento formal, conforme estabelecido nos cânones e na liturgia: que o “sagrado matrimônio é entre um homem e uma mulher por toda a vida”.

O projeto prevê que casais do mesmo sexo possam ter direito a um culto no qual haveria “orações de dedicação, ação de graças ou pela bênção de Deus sobre o casal”. A cerimônia seria realizada somente após o casamento civil para “refletir a diversidade teológica da igreja”. As orações seriam voluntárias, o que sugere que os líderes religiosos poderiam optar por não oferecer tais bênçãos.

Embora a igreja tenha decidido manter a recusa de propostas que preveem casamento entre pessoas do mesmo sexo, o arcebispo de Canterbury Justin Welby, líder espiritual da igreja Anglicana, afirmou ser necessário tornar “público e inequívoco”, a todos os cristãos, que as pessoas LGBTQIAP+ são bem-vindas e “parte valiosa e preciosa do corpo de Cristo”.

“Mas não tenho ilusões e sei que a proposta parece ir longe demais para alguns e não o suficiente para outros”, disse o religioso, expressando o desejo de que a proposta seja recebida com “espírito de generosidade e busca do bem comum”.

A Igreja Anglicana da Inglaterra, fundada em 1534, está dividida há anos sobre como lidar com os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, bem no acolhimento a ativistas gays, lésbicos, bissexuais e transgêneros, que lutam pelos mesmos direitos dos cristãos heterossexuais.

A Igreja da Inglaterra é a matriz da Comunhão Anglicana, que reúne 85 milhões de adeptos em 165 países. Nos últimos tempos, a instituição tem passado por transformações. Passou a ordenar mulheres ao sacerdócio em 1994 e bispas em 2014.

Na semana passada, a Igreja Anglicana pediu desculpas pelos vínculos econômicos de uma de suas organizações com a escravidão.

(*) Com informações da Folhapress
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