Incêndios florestais avançam sobre TIs em Roraima e focos de queimadas batem recorde

Plantação de bananeira queimada em Roraima (Reprodução)
Jacildo Bezerra – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – Os incêndios nas regiões de lavrado continuam atingindo as comunidades indígenas de Roraima, causando estrago nas roças, a morte de animais e destruição de casas, num triste cenário que afeta o Estado de Roraima. Já foram registradas perdas das roças, plantações de bananas, mandioca entre outros produtos de subsistência.

O tuxaua da comunidade Guariba, Ezequiel Laurentino da Silva, região da Raposa, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol lamentou o crime ambiental que atingiu a região. O fogo destruiu a vegetação próximo a Comunidade Uirapuru, o buritizal conhecido como Diamante Negro, fonte de alimentos e matéria prima para construção de casas , artesanatos e medicina tradicional foi dizimado  pela queimada.

Vegetação queimada ao redor de planície em Roraima (Reprodução)

Na comunidade indígena Pium, T.I Manoá-Pium, região Serra da Lua, além do intenso fogo, outra preocupação compartilhada pelo tuxaua Lázaro Wapichana, é a grande fumaça que vem afetando a saúde dos moradores.

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Segundo Jabson Nagelo, Coordenador da Brigada Comunitária Indígena na Terra Indígena Malacacheta foi implantada uma base de combate aos incêndios com 10  homens, além dos brigadistas do Programa PrevFogo. O trabalho já dura mais de 20 dias. A brigada construiu uma linha de apoio com 4 quilômetros para impedir o avanço do fogo.

A técnica empregada garante a eficácia do processo que deve estar finalizada na próxima sexta-feira. “O fogo atinge hoje as comunidades Malacacheta, Canauanim e Taba Lascada, onde nessa última não tem brigadista e o trabalho de contenção do fogo é feito pela própria comunidade”, disse o coordenador.

O coordenador falou ainda do empenho dos moradores das comunidades atingidas e o apoio do PrevFogo.

“A gente tem como identificar a origem do fogo e a grande maioria vem de fora das terras indígenas”, destacou Abson. Ele destacou a existência de três grandes focos na região da Serra da Lua, Alto Alegre e Amajari identificados pela Sala de Monitoramento, onde os focos surgem cerca de um km fora das Ti e depois atingem as comunidades impulsionadas pelo vento. O fogo tem devastado grandes áreas de florestas virgens, plantações que são destruídas pelo fogo, que afugenta também os animais que são fonte de alimento, bem como prejudica as plantações.

Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que em Roraima 7 das 10 terras indígenas que mais apontaram focos de calor, dentre elas T. I  Yanomami (230), Raposa Serra do Sol (91) e Terra Indígena São Marcos (21).

A Brigada Comunitária Indígena de Combate à Incêndios  do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental, do Conselho Indígena de Roraima( CIR), tem desempenhado um papel importante na prevenção e combate ao fogo. Atualmente, são 54 brigadistas, distribuídos em 5 bases, localizadas nas regiões  Surumu (Comunidade Barro),  Tabaio (Comunidade Anta), Waiwai ( Comunidade Anauá), Serra da Lua(T.I Manoá Pium) e (Comunidade Jacamim).

Leia mais: Com ‘nuvem’ de fumaça, qualidade do ar na capital de Roraima é péssima
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