Indígenas Guaná extintos ajudaram formar segunda maior cidade de Mato Grosso
16 de maio de 2024

Davi Vittorazzi — Da Revista Cenarium
CUIABÁ (MT) — Completando 157 anos nessa quarta-feira, 15, a população de Várzea Grande, na Região Metropolitana de Cuiabá, pouco conhece a história da formação da cidade. O surgimento do município, que é o segundo maior de Mato Grosso, está relacionado à Guerra do Paraguai e aos indígenas Guanás, que hoje são considerados extintos.
Segundo os dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade tem atualmente uma área de 724,279 quilômetros quadrados (km²) e uma população de pouco mais de 300 mil pessoas. O município é considerado como um polo industrial do Estado e é separado da capital apenas pela divisa do Rio Cuiabá.
Segundo o historiador Suelme Evangelista Fernandes, quando Mato Grosso ainda era uno, o presidente do Paraguai ordenou invadir a região onde hoje é Corumbá (MS) e Dourados (MS), dando início ao conflito internacional.
“Parte dos prisioneiros dessa guerra vieram para Cuiabá e foi constituindo um assentamento de prisioneiros de guerras ali na beira, onde hoje é a ponte Júlio Müller, que liga Cuiabá a Várzea Grande, do lado direito do rio. Estabeleceu-se um presídio enorme e ali também já habitavam os indígenas chamados Guaná”, destaca.
À REVISTA CENARIUM, o historiador explica que os Guanás tinham o costume de tecer e eram canoeiros. “Pouco se sabe, mas se especula que pode ser um subgrupo dos Bororo”, acrescenta. Ele ainda afirma que atualmente há descendentes que vivem em regiões do município conhecidas Limpo Grande e Pai André.

Uma das manifestações culturais populares de Várzea Grande são as mulheres rendeiras. O professor analisa que essa prática pode ter sido passada pelos próprios indígenas Guanas.
No ano de 1867 ocorreu a emancipação do terceiro distrito de Cuiabá, a cidade de Várzea Grande, dois anos após o fim da Guerra do Paraguai. Naquele período, um pequeno povoado de cerca de cinco mil pessoas já moravam na região.
“Por isso que a maioria dos monumentos de Várzea Grande são dedicados a heróis de guerra do Paraguai. A história de Várzea Grande tem a ver com a história da Guerra do Paraguai e dos indígenas Guanás”, diz o historiador. Apesar dos registros históricos sobre a presença dos indígenas Guaná na cidade, na história oficial contada pela prefeitura, o povo pouco é lembrado.