Influenciadora transgênero denuncia ameaças com rojões em Santa Catarina
05 de agosto de 2024
Luiza Mayers e imagens de câmeras de segurança (Composição/Weslley Santos/CENARIUM)
Carol Veras – Da Cenarium
MANAUS (AM) – A influenciadora transgênero Luiza Mayers, de Forquilhinha (SC), denunciou, nas redes sociais, que passou a sofrer ataques após documentar, no TikTok, a pequena reforma que fez em sua nova casa. Para Mayers, os atos de violência se dão por conta da identidade de gênero dela.
No episódio mais recente, três homens passaram em bicicletas e soltaram rojões em frente à casa da influenciadora. Nesta segunda-feira, 5, ela informou que vai registrar um boletim de ocorrência (B.O.). “Eu mereço paz, eu mereço respeito, mereço viver tranquila dentro da minha própria casa”, escreveu.
Desabafo da influencer nas redes sociais (Reprodução/Redes Sociais)
“Foram três caras grandes e dessa vez eu ‘tô’ com um pouco de medo”, denuncia. Como desabafo, a influencer revela: “Por favor, Deus, só me dê a oportunidade de ter uma casinha segura com muros altos”.
Com 1 milhão de seguidores no Instagram, Luiza compartilha o dia a dia como uma pessoa em processo de transição de gênero e morando sozinha. Recentemente, ela viralizou dando dicas de reforma para os internautas.
Em outras imagens de um circuito de segurança, gravadas há duas semanas, adolescentes aparecem quebrando a calçada feita pela influenciadora e compartilhada nas redes sociais. Luiza contou que os adolescentes foram até a casa dela e gritaram seu nome. Ao não serem respondidos, jogaram pedras sobre o telhado e quebraram a calçada.
“Fiquei debaixo de sol e chuva para fazê-la [calçada]”, relata. “Só quero meu direito de andar em paz, segunda estou indo pedir uma medida protetiva e fazer um B.O”, completa em outra publicação.
As ameaças na casa nova não foram as únicas dificuldades enfrentadas no processo de transição. No TikTok, a influencer compartilha que não teve uma experiência acolhedora buscando harmonização pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com ela, durante a consulta, o médico a chamou pelo nome morto [termo utilizado para se referir ao nome pelo qual uma pessoa costumava se chamar antes de sua transição de gênero] na frente de outros pacientes e funcionários. A experiência a fez interromper a busca por tratamento, que só foi retomada tempos depois em uma clínica particular, em razão dos ganhos com as redes sociais.
Luiza Mayers (Reprodução/Redes Sociais)
Violência transgênero
No ano de 2023, o País registrou um total de 155 fatalidades envolvendo pessoas transgênero no Brasil. O Estado do Amazonas está entre os dez Estados com maior incidência de homicídios contra pessoas trans no País, ocupando a 9º posição, com 38 assassinatos.
Os dados foram apresentados na7ª edição do Dossiê sobre Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2023, elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra). O dossiê foi divulgado no Ministério dos Direitos Humanos, em 29 de janeiro de 2024, como parte das comemorações dos 20 anos do Dia da Visibilidade Trans.
Conforme divulgado, o número de assassinatos no Brasil é três vezes maior que o segundo colocado no mundo, México com média de 50 mortes. “Quem chora por nós? Quem vai contribuir com a vaquinha pra enterrar mais uma? Pra que não seja enterrada como indigente?“, questiona a presidente da Antra, Keila Simpson, em publicação no site oficial da organização.
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