Inquérito do Reino Unido mostra que lockdowns reduzem infecções durante pandemia

Relatório diz que fechamentos, uso de máscara e controles de fronteira são mais eficazes em combinação (Divulgação)
Da Revista Cenarium Amazônia*

MANAUS – Lockdowns e outras medidas de distanciamento social reduziram significativamente a transmissão do coronavírus durante a pandemia, de acordo com um relatório publicado na quinta-feira, que foi submetido ao inquérito Covid-19 do Reino Unido.

A Royal Society examinou centenas de estudos de todo o mundo sobre a eficácia das chamadas intervenções não farmacêuticas, como o uso de máscaras e controles de fronteira, que foram usadas para tentar conter a disseminação do vírus antes do desenvolvimento de vacinas.

Em seu relatório, pesquisadores da academia científica independente do Reino Unido descobriram que as máscaras eram altamente eficazes em reduzir a transmissão e que o uso de máscaras, os controles de fronteira e os fechamentos eram mais úteis quando introduzidos cedo, enquanto os números de casos eram mais baixos e combinados.

PUBLICIDADE
O inquérito Covid do Reino Unido está examinando a resposta do país à pandemia, incluindo as decisões de lockdown e introdução de outras medidas de distanciamento social
O inquérito Covid do Reino Unido está examinando a resposta do país à pandemia, incluindo as decisões de lockdown e introdução de outras medidas de distanciamento social – AFP via Getty Images

O professor Sir Mark Walport, secretário de Relações Exteriores da Royal Society e principal conselheiro científico do governo do Reino Unido entre 2013 e 2017, disse que uma das principais lições a sair da pandemia é “estar preparado”.

“Os governos em geral estão mais bem preparados [do que antes da Covid]. A última emergência foi uma grande pandemia e, portanto, devemos estar mais bem preparados para ela da próxima vez. Mas vírus são coisas perigosas”, disse.

O inquérito Covid está examinando a resposta do Reino Unido à pandemia, incluindo as decisões de lockdown e introdução de outras medidas de distanciamento social, testes e rastreamento de contatos e uso de máscaras. Vai durar pelo menos até 2026.

Os pesquisadores da Royal Society concluíram que lockdowns e medidas de distanciamento social foram a intervenção mais significativa, com alguns estudos sugerindo que poderiam ter reduzido o número de reprodução do vírus em mais de 50%.

Nos lares de idosos, restringir o número de visitantes, manter os residentes separados e alocar funcionários individuais para residentes específicos reduziram a transmissão.

Os pesquisadores apontaram Hong Kong, Coreia do Sul e Nova Zelândia como exemplos de onde lockdowns rigorosamente implementados resultaram em transmissão doméstica extremamente baixa.

Mas seu relatório não considerou os impactos mais amplos dos lockdowns, como os efeitos na economia, na educação das crianças e na saúde mental das pessoas.

Chris Dye, professor de epidemiologia da Universidade de Oxford, que examinou os estudos sobre máscaras, disse que havia “evidências surpreendentemente esmagadoras” de que elas cortavam a transmissão, especialmente os respiradores N95. Eles devem ser usados por pessoas que trabalham com adultos e crianças vulneráveis sempre que as taxas de Covid ou outras doenças respiratórias forem altas.

Em janeiro de 2023, uma revisão da Cochrane, uma organização sem fins lucrativos que emite orientação médica, dos ensaios clínicos randomizados e controlados não encontrou uma ligação clara entre encorajar as pessoas a usar máscaras e reduzir a infecção.

Mas Dye disse que, como não havia muitos ensaios clínicos randomizados e controlados para tirar conclusões, a Royal Society analisou uma gama mais ampla de estudos e descobriu que eles relataram consistentemente que o uso de máscara e os mandatos de máscara reduzem a transmissão.

Os pesquisadores descobriram que os controles de fronteira eram menos consistentemente eficazes na prevenção da infecção. Embora políticas rígidas de quarentena tenham reduzido significativamente o número de passageiros infectados que entram em um determinado país, medidas como triagem de sintomas ou aferição da temperatura dos viajantes não conseguiram impedir que o vírus cruzasse as fronteiras.

Christl Donnelly, professor de epidemiologia estatística do Imperial College London, que liderou a pesquisa sobre lockdowns, disse que a pandemia foi “única” porque muitos países implementaram medidas para conter a disseminação viral.

“Não há absolutamente nenhuma razão para pensar que isso se aplica apenas à Covid e não se aplicaria a outras doenças respiratórias”, disse ela.

(*) Com informações da Folhapress

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.