‘Inviabilizaram minha candidatura’, afirma Anne Moura sobre violência política de gênero no PT


22 de abril de 2024
‘Inviabilizaram minha candidatura’, afirma Anne Moura sobre violência política de gênero no PT
Anne Moura é pré-candidata à Prefeitura de Manaus (Composição: Weslley Santos)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – A pré-candidata à Prefeitura de Manaus pelo PT e secretária Nacional de Mulheres do partido, Anne Moura, confirmou, nesta segunda-feira, 22, que foi vítima de violência política de gênero no diretório municipal da sigla após dirigentes locais inviabilizarem a candidatura dela ao cargo. Até o momento, o ex-deputado federal Marcelo Ramos é o pré-candidato confirmado pelo partido.

Conforme declarou à Folha de S.Paulo, Anne Moura apresentou a pré-candidatura há mais de um ano e se viu “emparedada” por uma articulação nacional na qual, a pedido do presidente Lula (PT), Marcelo Ramos deixou o PSD e filiou-se ao partido para concorrer à prefeitura. Outros pré-candidatos do PT em Manaus – todos homens – desistiram de concorrer para apoiar Ramos, mas Anne Moura não recuou.

Dirigentes locais inviabilizaram minha candidatura e isso é muito típico de violência política de gênero. Fiz todo processo interno, até pesquisa que demonstrava que meu nome era o melhor colocado, mas mesmo assim a direção local não encaminhou, por isso ficou essa indefinição“, confirmou à REVISTA CENARIUM.

Anne Moura em evento com Lula, em março de 2022 (Divulgação)

A filiação do Marcelo [Ramos] vem bem depois desta situação, que não tinha definição. Porém, após a entrada de Marcelo, todos os homens retiraram seus nomes rapidinho, só permanecendo o meu e talvez o do deputado Sinésio, que não se pronunciou ainda. Ou seja, não existia outras pré-candidaturas para valer. Pois, no PT, sempre temos o direito do diálogo interno para definir o nome, mas não foi isso que aconteceu da parte deles“, acrescentou.

Anne Moura afirmou que a articulação foi feita pela direção municipal do PT, que conduz o processo das eleições municipais na sigla. A reportagem questionou o presidente do partido em Manaus, Valdemir Santana, sobre as declarações da secretária Nacional de Mulheres do PT, mas ainda não obteve resposta.

LEIA TAMBÉM:

Violência política de gênero é consequência do machismo estrutural, aponta analista
Misoginia e violência política de gênero são desafios para mulheres no poder
Deputado bolsonarista é denunciado por violência política de gênero após chamar parlamentar de ‘louca’
Violência política de gênero

A secretária nacional de Mulheres do partido, que também comanda o Projeto Elas por Elas, de incentivo a candidaturas femininas, declarou que as mulheres são vítimas constantes de violência política de gênero, sendo esta frequentemente justificada apenas como “disputa política“.

Sempre é colocado em dúvida nossa capacidade, nossa atuação, nossa vida pessoal, nossas roupas; somos questionadas sempre. Eu coordeno um projeto no PT desde 2017, o Elas por Elas, que fortalece a mulher na disputa política dentro e fora do partido, e são muitos os relatos sobre isso. Na maioria das vezes, nem percebemos que aconteceu. Por isso, é importante termos esse termo claro agora: existe violência política de gênero e precisamos enfrentar esse debate na sociedade“, concluiu.

violência política contra a mulher passou a ser tipificada como crime em agosto de 2021, quando foi sancionada a Lei nº 14.192. Ela é definida como a “agressão física, psicológica, econômica, simbólica ou sexual contra a mulher, com a finalidade de impedir ou restringir o acesso e exercício de funções públicas e/ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade“.

Recentemente, dois casos ganharam grande repercussão nacional. O primeiro foi no Amazonas, onde a única conselheira do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, eleita presidente da Corte, denunciou o colega de Tribunal, Ari Moutinho, por xingá-la minutos antes da eleição para diretoria do órgão.

Já no Pará, a Polícia Federal (PF) prendeu o ex-deputado federal Wladimir Costa, conhecido como Wlad, por proferir insultos e ameaças contra a deputada federal Renilce Nicodemos (MDB-PA), incluindo a divulgação de músicas e faixas ofensivas, além de incitar seus seguidores a agredi-la, caracterizando violência política contra a mulher.

Revisado por Gustavo Gilona

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.