Jornal diz que Pazuello recebeu visita de Onyx, mesmo após adiar depoimento na CPI para ficar em quarentena


06 de maio de 2021
Jornal diz que Pazuello recebeu visita de Onyx, mesmo após adiar depoimento na CPI para ficar em quarentena
A agenda do ministro, entretanto, previa uma reunião com o secretário-executivo da pasta, Vicente Santini (Pablo Jacob/Agência O Globo)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – Dois dias depois de comunicar a CPI da Pandemia que não poderia comparecer ao Senado Federal por ter entrado em contato com dois servidores infectados com coronavírus, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu a visita do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni.

A informação foi revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. Onyx foi visto entrando e saindo do Hotel de Trânsito de Oficiais, onde Pazuello está hospedado, no final da manhã desta quinta-feira. A agenda do ministro, entretanto, previa uma reunião com o secretário-executivo da pasta, Vicente Santini.

Na última terça-feira, Pazuello comunicou o comandante do Exército de que não poderia comparecer à CPI após descobrir que esteve em contato com duas pessoas que testaram positivo para a Covid-19. Entretanto, segundo o jornal, Pazuello foi visto circulando pelas áreas comuns do hotel.

O GLOBO questionou a Secretaria-Geral, o Ministério da Defesa e o Exército sobre o episódio, mas não recebeu retorno de nenhum dos órgãos. A revelação do encontro repercutiu no Senado Federal. Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que quer saber por que Pazuello continuou recebendo visitas em casa após dizer que não poderia comparecer à CPI por suspeita de Covid-19. 

Por enquanto, o senador afirma que a oitiva de Pazuello segue adiada para 19 de maio.

“Nós podemos requisitar o exame do senhor Eduardo Pazuello. É uma providência a ser tomada por essa CPI, a CPI tem que debater isso”, disse Randolfe, que completou: “É um episódio lamentável e triste. É muito triste um ex-ministro da Saúde, general do Exército se prestar a uma situação dessa. No mínimo é infração a ordem sanitária. No máximo é obstrução a investigação”.

Ao final da sessão, o senador voltou a citar a informação de que Pazuello, mesmo em quarentena, teria recebido a visita de Onyx Lorenzoni.

“É porque o Ministro Onyx, eu acho que resolveu correr o risco de visitar o senhor Eduardo Pazuello no dia de hoje. Estranho porque ele informou a esta CPI que ele estava infectado com a Covid-19. Então, me parece que é uma infração sanitária por parte de Sua Excelência”, disse Randolfe.

Na CPI, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) perguntou o que a CPI poderia fazer a respeito. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), respondeu que ele o ex-ministro não cometeu crime.

“Não foi o ex-ministro Pazuello que foi a Onyx. Foi Onyx que foi a Pazuello. Ninguém pode proibir alguém de fazer a visita, mesmo com Covid-19. Não temos poder para isso”, disse Aziz.

O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), destacou que Pazuello não é acusado de nada nem investigado, mas vai depor como testemunha.

“A sutiliza da vinda dele como testemunha é uma coisa muito mais digna. Se ele quiser vir na condição de acusado, aí é uma outra questão”, disse Calheiros, acrescentando:

“Eu confio no bom senso dele, mas ele precisa colaborar e deixar de usar o Exército de biombo para não vir à CPI” disse.

Antes de adiar seu depoimento, Pazuello passou dias no Palácio do Planalto com auxiliares se preparando para seu interrogatório com os senadores. Sua ida ao Senado é considerada um dos pontos-chave da CPI, uma vez que o ex-ministro é acusado de omissão enquanto comandava o Ministério da Saúde.

Durante as sessões de treinamento, Pazuello demonstrou nervosismo, segundo assessores do Palácio do Planalto que acompanharam a preparação do ex-ministro.

O temperamento explosivo do general é uma das principais preocupações de integrantes do governo. Para evitar um comportamento hostil no Senado, Pazuello assistiu a uma série de vídeos de momentos em que demonstrou irritação em público durante entrevistas coletivas e em audiências no Congresso. A preparação do ex-ministro da Saúde durou cerca de seis horas, das 14h às 20h, e envolveu também uma simulação de confronto com parlamentares, com perguntas espinhosas.

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.