Jornal diz que Pazuello recebeu visita de Onyx, mesmo após adiar depoimento na CPI para ficar em quarentena

A agenda do ministro, entretanto, previa uma reunião com o secretário-executivo da pasta, Vicente Santini (Pablo Jacob/Agência O Globo)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – Dois dias depois de comunicar a CPI da Pandemia que não poderia comparecer ao Senado Federal por ter entrado em contato com dois servidores infectados com coronavírus, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu a visita do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni.

A informação foi revelada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. Onyx foi visto entrando e saindo do Hotel de Trânsito de Oficiais, onde Pazuello está hospedado, no final da manhã desta quinta-feira. A agenda do ministro, entretanto, previa uma reunião com o secretário-executivo da pasta, Vicente Santini.

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Na última terça-feira, Pazuello comunicou o comandante do Exército de que não poderia comparecer à CPI após descobrir que esteve em contato com duas pessoas que testaram positivo para a Covid-19. Entretanto, segundo o jornal, Pazuello foi visto circulando pelas áreas comuns do hotel.

O GLOBO questionou a Secretaria-Geral, o Ministério da Defesa e o Exército sobre o episódio, mas não recebeu retorno de nenhum dos órgãos. A revelação do encontro repercutiu no Senado Federal. Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que quer saber por que Pazuello continuou recebendo visitas em casa após dizer que não poderia comparecer à CPI por suspeita de Covid-19. 

Por enquanto, o senador afirma que a oitiva de Pazuello segue adiada para 19 de maio.

“Nós podemos requisitar o exame do senhor Eduardo Pazuello. É uma providência a ser tomada por essa CPI, a CPI tem que debater isso”, disse Randolfe, que completou: “É um episódio lamentável e triste. É muito triste um ex-ministro da Saúde, general do Exército se prestar a uma situação dessa. No mínimo é infração a ordem sanitária. No máximo é obstrução a investigação”.

Ao final da sessão, o senador voltou a citar a informação de que Pazuello, mesmo em quarentena, teria recebido a visita de Onyx Lorenzoni.

“É porque o Ministro Onyx, eu acho que resolveu correr o risco de visitar o senhor Eduardo Pazuello no dia de hoje. Estranho porque ele informou a esta CPI que ele estava infectado com a Covid-19. Então, me parece que é uma infração sanitária por parte de Sua Excelência”, disse Randolfe.

Na CPI, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) perguntou o que a CPI poderia fazer a respeito. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), respondeu que ele o ex-ministro não cometeu crime.

“Não foi o ex-ministro Pazuello que foi a Onyx. Foi Onyx que foi a Pazuello. Ninguém pode proibir alguém de fazer a visita, mesmo com Covid-19. Não temos poder para isso”, disse Aziz.

O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), destacou que Pazuello não é acusado de nada nem investigado, mas vai depor como testemunha.

“A sutiliza da vinda dele como testemunha é uma coisa muito mais digna. Se ele quiser vir na condição de acusado, aí é uma outra questão”, disse Calheiros, acrescentando:

“Eu confio no bom senso dele, mas ele precisa colaborar e deixar de usar o Exército de biombo para não vir à CPI” disse.

Antes de adiar seu depoimento, Pazuello passou dias no Palácio do Planalto com auxiliares se preparando para seu interrogatório com os senadores. Sua ida ao Senado é considerada um dos pontos-chave da CPI, uma vez que o ex-ministro é acusado de omissão enquanto comandava o Ministério da Saúde.

Durante as sessões de treinamento, Pazuello demonstrou nervosismo, segundo assessores do Palácio do Planalto que acompanharam a preparação do ex-ministro.

O temperamento explosivo do general é uma das principais preocupações de integrantes do governo. Para evitar um comportamento hostil no Senado, Pazuello assistiu a uma série de vídeos de momentos em que demonstrou irritação em público durante entrevistas coletivas e em audiências no Congresso. A preparação do ex-ministro da Saúde durou cerca de seis horas, das 14h às 20h, e envolveu também uma simulação de confronto com parlamentares, com perguntas espinhosas.

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