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Juiz afirma que hacker da Vaza Jato monitorava Paulo Guedes em tempo real
Pualo Guedes (Reprodução/Internet)
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22 de agosto de 2023
Da Revista Cenarium Amazônia*
MANAUS – A decisão que condenou à prisão Walter Delgatti, conhecido como hacker da Vaza Jato, afirma que ele monitorava em tempo real mensagens do então ministro da Economia Paulo Guedes, além de outras autoridades.
Nesta segunda-feira (21), o juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do DF, decidiu pela condenação do hacker pela invasão de contas no Telegram em 2019, incluindo a do então juiz Sergio Moro, hoje senador pela União Brasil-PR, e do então procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato.
A pena foi fixada em 20 anos e um mês de prisão —cabe recurso.
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“Verificou-se que Walter Delgatti monitorava em tempo real a conta do então ministro de Estado da Economia Paulo Guedes, além de outros 30 perfis do Telegram”, afirma Leite na sentença, mencionando um relatório da Polícia Federal na época. É dito também que foram 99 as vítimas de interceptação online.
De acordo com o magistrado, em uma subpasta de arquivos, havia imagens e prints de telas de “diversas pessoas, entre elas procuradores da República, delegados de Polícia Federal, advogados, entre outros”.
Para o magistrado, o fato indica que Delgatti não agia de forma idealista.
“Se o intuito, realmente fosse somente o de reparar injustiças, não teria hackeado o ministro Paulo Guedes e conselheiros do CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público]. A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões”, disse.
O juiz, citando depoimento de outro acusado, diz que havia intenção de vender as conversas, “fato este confirmado por Luiz Henrique Molição, que relatou que buscavam o melhor jornalista (da Veja ou Folha de São Paulo) para comprar o material hackeado”.
“Fulmina a alegação de Walter de que agiu de forma altruísta e buscando reparar uma injustiça, chegando inclusive a propor o valor de R$ 200 mil reais para o repasse deste material.”
A Folha não paga por reportagens, não comete ato ilícito para obter informações nem pede que ato ilícito seja cometido nesse sentido.
Para o juiz, só houve um “esfriamento inicial” na intenção de venda do material “após perceber a resistência de jornalistas a pagarem para ter acesso a este material”.
O site The Intercept Brasil, que primeiro publicou reportagens com base nos diálogos hackeados dos procuradores da Lava Jato, sempre afirmou que obteve o material de fonte anônima e que não houve nenhuma espécie de pagamento. Após o site permitir a análise de seu acervo, outros veículos também publicaram reportagens com as conversas, incluindo a Folha.
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