Justiça da Bahia reconhece isenção tributária para terreiros de Vitória da Conquista


24 de janeiro de 2022
Justiça da Bahia reconhece isenção tributária para terreiros de Vitória da Conquista
Terreiros de candomblé e umbanda da cidade de Vitória da Conquista, no Centro-Sul da Bahia, pagavam impostos mesmo com a isenção garantida pela Constituição Federal (Reprodução/ Lazaro Menezes)

Com informações do Portal Alma Preta

BAHIA – No mês que celebra o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, terreiros de matriz africana de Vitória da Conquista, no centro-sul da Bahia, conseguiram na Justiça uma medida que garante a isenção tributária do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e do Imposto Territorial Rural (ITR), cobradas pela prefeitura da cidade.

A ação foi movida pela Rede Beneficente, Cultural, Educacional e Religiosa Caminho dos Búzios, em parceria com o mandato do vereador Alexandre Xandó (PT), em decorrência da cobrança dos impostos mesmo com a imunidade tributária dos terreiros garantida na Constituição Federal.

Em comunicado, a Prefeitura de Vitória da Conquista disse que a isenção para os terreiros já estava definida pelo governo e que a discussão era feita desde o ano passado como forma de avaliar e assegurar a isenção tributária aos terreiros e espaços de religião afro-brasileira da cidade. A decisão da Justiça saiu no dia 20 de janeiro e o decreto da prefeitura foi publicado no dia 21 de janeiro, no Dia de Combate à Intolerância Religiosa.

A imunidade tributária, prevista no artigo 150, inciso VI, da Constituição Federal, garante a isenção de imposto para templos religiosos “de qualquer culto, bens e serviços de partidos políticos, instituições de educação e de assistência social”.

Dificuldade de reconhecimento

No entanto, o processo encontra barreiras quando se trata dos demais templos religiosos que, diferentemente das igrejas, são geralmente alugados, o que dificulta o reconhecimento desses espaços para legitimar a isenção.

Na decisão, a 2ª Vara da Fazenda Pública entendeu que “a imunidade tributária é garantida a todos os templos religiosos, abrangendo todo o imóvel utilizado para os cultos de qualquer religião (…) e, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, proceda à chamada pública dos representantes destes terreiros para que procedam o devido cadastro dos imóveis destinados aos cultos”.

Para o vereador Alexandre Xandó, a conquista é histórica e representa uma vitória contra o racismo religioso e institucional.

“Essa é uma vitória histórica do povo de santo da cidade, pois é uma grande injustiça que a Prefeitura de Vitória da Conquista garanta a imunidade tributária de outros templos religiosos, mas continue cobrando impostos de religiões afro-brasileiras. É uma vitória contra o racismo religioso e institucional”.

Além da isenção, o mandato também vai entrar com uma ação para a devolução dos eventuais impostos pagos nos últimos anos e a indenização no valor de R$500 mil por danos morais coletivos, que será destinada ao Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial.

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