Justiça da Bahia reconhece isenção tributária para terreiros de Vitória da Conquista

Terreiros de candomblé e umbanda da cidade de Vitória da Conquista, no Centro-Sul da Bahia, pagavam impostos mesmo com a isenção garantida pela Constituição Federal (Reprodução/ Lazaro Menezes)

Com informações do Portal Alma Preta

BAHIA – No mês que celebra o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, terreiros de matriz africana de Vitória da Conquista, no centro-sul da Bahia, conseguiram na Justiça uma medida que garante a isenção tributária do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e do Imposto Territorial Rural (ITR), cobradas pela prefeitura da cidade.

A ação foi movida pela Rede Beneficente, Cultural, Educacional e Religiosa Caminho dos Búzios, em parceria com o mandato do vereador Alexandre Xandó (PT), em decorrência da cobrança dos impostos mesmo com a imunidade tributária dos terreiros garantida na Constituição Federal.

PUBLICIDADE

Em comunicado, a Prefeitura de Vitória da Conquista disse que a isenção para os terreiros já estava definida pelo governo e que a discussão era feita desde o ano passado como forma de avaliar e assegurar a isenção tributária aos terreiros e espaços de religião afro-brasileira da cidade. A decisão da Justiça saiu no dia 20 de janeiro e o decreto da prefeitura foi publicado no dia 21 de janeiro, no Dia de Combate à Intolerância Religiosa.

A imunidade tributária, prevista no artigo 150, inciso VI, da Constituição Federal, garante a isenção de imposto para templos religiosos “de qualquer culto, bens e serviços de partidos políticos, instituições de educação e de assistência social”.

Dificuldade de reconhecimento

No entanto, o processo encontra barreiras quando se trata dos demais templos religiosos que, diferentemente das igrejas, são geralmente alugados, o que dificulta o reconhecimento desses espaços para legitimar a isenção.

Na decisão, a 2ª Vara da Fazenda Pública entendeu que “a imunidade tributária é garantida a todos os templos religiosos, abrangendo todo o imóvel utilizado para os cultos de qualquer religião (…) e, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, proceda à chamada pública dos representantes destes terreiros para que procedam o devido cadastro dos imóveis destinados aos cultos”.

Para o vereador Alexandre Xandó, a conquista é histórica e representa uma vitória contra o racismo religioso e institucional.

“Essa é uma vitória histórica do povo de santo da cidade, pois é uma grande injustiça que a Prefeitura de Vitória da Conquista garanta a imunidade tributária de outros templos religiosos, mas continue cobrando impostos de religiões afro-brasileiras. É uma vitória contra o racismo religioso e institucional”.

Além da isenção, o mandato também vai entrar com uma ação para a devolução dos eventuais impostos pagos nos últimos anos e a indenização no valor de R$500 mil por danos morais coletivos, que será destinada ao Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.