Justiça de Roraima transforma em réu Jalser Renier e mais nove pessoas pelo sequestro de jornalista
09 de junho de 2022
O apresentador Romano dos Anjos foi sequestrado na noite do dia 26 de outubro de 2020 e encontrado na manhã do dia 27 com os braços quebrados e amarrados (Thiago Alencar/CENARIUM)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium
BOA VISTA (RR) – O juiz da 1ª Vara Criminal de Boa Vista, Cláudio Roberto de Araújo, recebeu na quarta-feira, 8, a denúncia do Ministério Público de Roraima (MPRR) contra os acusados de terem cometido o sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos, em outubro de 2020.
Entre os réus está o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) e ex-deputado estadual Jalser Renier Padilha, que perdeu o mandato por quebra de decoro parlamentar, e ser suspeito de mandar sequestrar e torturar o jornalista, e policiais militares.
Ao aceitar a denúncia, o juiz Cláudio Araújo entendeu que “os fatos narrados na denúncia são de extrema gravidade” e indeferiu o pedido para que os réus respondessem pelos crimes em liberdade. Com isso, a prisão preventiva dos acusados foi mantida pelo magistrado. Os réus respondem pela prática de sete crimes: violação de domicílio qualificado, cárcere privado, roubo majorado, dano qualificado, constituição de milícia privada, tortura/castigo qualificado e sequestro qualificado.
A prisão preventiva é medida cautelar de natureza plena, estando sujeita à presença de dois pressupostos, quais sejam: o fumus comissi delicti (prova da materialidade e de indícios de autoria) e periculum libertatis (risco da permanência da pessoa em liberdade).
“O fato de os acusados estarem segregados há cerca de 8 meses, por si só, não demonstra haver excesso de prazo na persecução penal, pois o requisito do lapso temporal da prisão preventiva deve ser analisado de uma forma ampla, acobertando todas as peculiaridades do caso concreto”, argumentou o magistrado em trecho da decisão.
Réus
Entre os réus estão: Clóvis Romero Magalhães Souza – subtenente da PM, Gregory Thomaz Brashe Júnior – sargento da PM, Luciano Benedito Valério – ex-servidor da Ale-RR, Nadson José Carvalho Nunes – subtenente da PM, Paulo Cesar de Lima Gomes – coronel da PM aposentado, Thiago de Oliveira Cavalcante Teles – soldado da PM, Vilson Carlos Pereira Araújo – major da PM, Natanael Felipe de Oliveira Junior e Moises Granjeiro de Carvalho.
Prisão de PMs
O Gaeco e a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) de Boa Vista, em Roraima, desencadearam, no mês de setembro, a Operação Pulitzer, que prendeu quatro dos seis policiais militares que estavam envolvidos no sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
De acordo com informações divulgadas pelo portal Poder, a maioria dos investigados trabalhava para o deputado estadual Jalser Renier, que presidia a ALERR à época. Durante a ação, foram cumpridos sete mandados de prisão, sendo seis contra policiais militares e outro contra um ex-servidor da Casa Legislativa. Além disso, 14 mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na operação.
O Caso
O apresentador Romano dos Anjos foi sequestrado na noite do dia 26 de outubro de 2020 e encontrado na manhã do dia 27 com os braços quebrados e amarrados. Os suspeitos invadiram a casa do apresentador e abordaram o jornalista e a esposa, Nattacha Vasconcelos, que também era apresentadora. Ele foi localizado com vida, em uma região de mata de Boa Vista, após um homem ter entrado em contato com a emissora onde o profissional trabalhava.
Segundo a diretora de jornalismo na época, Leiliane Matos, a esposa do apresentador contou que os suspeitos os abordaram com xingamentos direcionados ao casal e que portavam armas brancas. À época, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (Sinjoper) manifestaram indignação pelo caso e pediram empenho da Justiça e da polícia nas investigações.
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